A XXV cimeira de chefes de chefes de Estado e de Governo ibero-americanos decorre nos próximos dias 28 e 29, em Cartagena das Índias, Colômbia, dedicada ao lema da Juventude, Empreendedorismo e Educação.
“Evidentemente, todos esperamos que esta cimeira que se realiza na Colômbia seja também um fator de apoio e incentivo aos colombianos no seu esforço de conseguirem uma paz duradoura no seu país”, disse, em entrevista à Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
O Governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) assinaram, no mês passado, um acordo de paz, após quase quatro anos de conversações em Havana, Cuba, para terminar um conflito armado que se prolonga há 52 anos. O ato justificou a atribuição do prémio Nobel da Paz ao Presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
O ministro português destacou a participação, nesta conferência, do secretário-geral eleito da ONU, António Guterres.
“Dá a possibilidade de os chefes de Estado e de Governo ouvirem diretamente o novo secretário-geral”, disse Santos Silva, que apontou também “um grande elemento simbólico”.
O chefe da diplomacia portuguesa recordou que houve três candidaturas ao cargo de secretário-geral da ONU do espaço ibero-americano: António Guterres (Portugal), Susana Malcorra (Argentina) e Christiana Figueres (Costa Rica).
“O espaço manifestou, no seu conjunto, múltiplas preferências. Mas, o que é facto é que, num processo que foi o mais participado e transparente alguma vez feito para escolher o secretário-geral das Nações Unidas, o desenlace foi uma eleição por consenso e aclamação, entusiasticamente saudada em todas as regiões do mundo”, sublinhou.
Sobre a cimeira ibero-americana, o ministro disse que o Governo português “comunga muito do mote da presidência colombiana”.
“Ligar a juventude, a educação, a mobilidade e o empreendedorismo. Isto diz-nos muito”, garantiu.
Santos Silva deu o exemplo do programa de mobilidade de estudantes Erasmus, que é “de facto um programa que faz mudar as coisas, que faz comunidade com uma intensidade e naturalidade que nenhum outro consegue ter”.
O ministro considerou que “tudo o que seja estimular a mobilidade académica e profissional, sobretudo dos jovens, no espaço ibero-americano, ajuda a construir esse espaço”.
“Um dos grandes desafios do nosso tempo é o de retirarmos todo o potencial, do ponto de vista da economia e do desenvolvimento, que existe no facto de as novas gerações serem em regra muito mais qualificadas que as dos seus pais ou avós. No caso do espaço ibero-americano, e em particular do espaço latino-americano, esse elemento ainda é mais impressivo, porque cerca de metade dos estudantes universitários são a primeira geração das suas famílias a chegar ao ensino superior”, comentou.
Além disso, assinalou, a cimeira também é importante pelo “interconhecimento que potencia”, nomeadamente nas reuniões bilaterais que se realizam à margem do encontro.
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