Nesta cerimónia, com início às 11:00, discursará também o constitucionalista Jorge Miranda, natural de Braga, que o chefe de Estado escolheu para presidir à comissão organizadora destas comemorações do 10 de Junho.

Na Avenida da Liberdade, em Braga, haverá honras militares e uma homenagem aos mortos antes das intervenções e depois um desfile das forças em parada e cumprimentos de antigos combatentes.

O primeiro-ministro, António Costa, cancelou por motivos de saúde a sua presença nas comemorações oficiais do 10 de Junho em Braga e em Londres, para onde o Presidente da República seguirá hoje, para assinalar esta data com a comunidade portuguesa no Reino Unido.

Nos últimos dois anos, a pandemia de covid-19 marcou o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas — que em 2020 foi assinalado em formato mínimo no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e em 2021 na Região Autónoma da Madeira, já com menos restrições — e não houve celebrações no estrangeiro.

No 10 de Junho do ano passado, na Praça da Autonomia e na Avenida do Mar, no Funchal, Marcelo Rebelo de Sousa fez uma intervenção de 15 minutos, em que pediu para se reconstruir “o tecido social ferido pela pandemia” e para não se desperdiçar fundos europeus transformando-os numa “chuva de benesses para alguns”.

O Presidente da República homenageou as Forças Armadas, através do seu Estado-Maior-General e dos estados-maiores dos três ramos, pela intervenção no período de pandemia, atribuindo-lhes as insígnias de membro honorário da Ordem Militar de Cristo.

Simbolicamente, escolheu a médica Carmo Caldeira, diretora do serviço de cirurgia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, para presidir à comissão organizadora do 10 de Junho de 2021 e prestou homenagem, uma vez mais, aos profissionais da saúde.

Marcelo Rebelo de Sousa tem dedicado as suas intervenções nesta data à exaltação do povo e de Portugal, falando numa pátria de caráter universal, com elogios aos portugueses emigrantes, e sem esquecer as Forças Armadas.

Em 2021, defendeu que deve haver “ainda mais aposta no mar” como espaço geoestratégico e considerou necessário “prosseguir e melhorar” os passos já dados para o exercício do voto dos emigrantes “de modo a não se tenha de percorrer milhares de quilómetros para o exercer”.

No ano anterior, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, o Presidente da República prestou homenagem aos “heróis da saúde” e apelou a que Portugal acordasse para a nova realidade resultante da pandemia e aproveitasse ”uma oportunidade única” para fazer mudanças “com coragem e determinação”.

Nos quatro anos anteriores, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou o 10 de Junho com um modelo inédito de duplas comemorações, em Portugal e junto de comunidades portuguesas no estrangeiro, lançado no ano da sua posse, 2016, em articulação com o primeiro-ministro, António Costa, e com a sua participação.

Em 2016 decorreram entre Lisboa e Paris, em 2017 entre o Porto e o Brasil, em 2018 entre os Açores e os Estados Unidos da América e em 2019 entre Portalegre e Cabo Verde.

No seu primeiro 10 de Junho como Presidente da República, em 2016, fez uma intervenção no Terreiro do Paço, em Lisboa, a aclamar “o povo armado” e “não armado” construtor da identidade nacional e o papel das Forças Armadas para a liberdade e a independência.

No ano seguinte, a cerimónia militar decorreu no Porto, onde abriu o seu discurso defendendo um Portugal “independente do atraso, da ignorância, da pobreza, da injustiça, da dívida, da sujeição” e “livre da prepotência, da demagogia, do pensamento único, da xenofobia e do racismo”.

Em 2018, em Ponta Delgada, na ilha açoriana de São Miguel, o chefe de Estado afirmou Portugal como um país destinado a um “universalismo fraternal”, que prefere “a paciência dos acordos, mesmo se difíceis, à volúpia das roturas, mesmo se tentadoras” e “o multilateralismo realista ao unilateralismo revivalista”.

Em 2019, em Portalegre, enalteceu a resistência de Portugal, salientando que está a menos de três décadas de comemorar 900 anos como nação independente, e disse que os portugueses são “muito mais do que fragilidades ou erros”, não têm complexos em relação ao seu passado.

Ao mesmo tempo, no entanto, avisou que não se pode nem deve omitir ou apagar “fracassos coletivos” e “erros antigos ou novos”, acrescentando: “Não podemos nem devemos esquecer ou minimizar insatisfações, cansaços, indignações, impaciências, corrupções, falências da justiça, exigências constantes de maior seriedade e ética na vida pública”.

Marcelo em Londres com a comunidade portuguesa mas sem a companhia de Costa

O Presidente da República comemora hoje o Dia de Portugal, em Londres, com a comunidade portuguesa do Reino Unido, mas desta vez sem a habitual companhia do primeiro-ministro, que cancelou a sua presença por motivos de saúde.

Fonte oficial do executivo adiantou à agência Lusa que, nas comemorações relativas a Londres o Governo estará representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

Na quinta-feira, a meio da tarde, o gabinete do primeiro-ministro difundiu uma nota em que se referia que António Costa não poderia participar nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, primeiro em Braga, depois em Londres, por razões de saúde.

Na véspera, quarta-feira, o líder do executivo já tinha cancelado a sua agenda em Santarém, mas, na altura, não foi avançada qualquer explicação oficial por parte do seu gabinete.

Em Braga, em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu que o problema de saúde do primeiro-ministro “não é nada de preocupante ou de grave”, mas adiantou que a sua presença nas comemorações seria uma “insensatez” do ponto de vista médico.

Quando assumiu a chefia do Estado, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa lançou, em articulação com António Costa, e com a participação de ambos, um modelo inédito de duplas comemorações do 10 de Junho, primeiro em Portugal e depois junto de comunidades portuguesas no estrangeiro.

Em 2016 decorreram entre Lisboa e Paris, em 2017 entre o Porto e o Brasil, em 2018 entre os Açores e os Estados Unidos da América e em 2019 entre Portalegre e Cabo Verde. Em 2020 e no ano passado, por causa da pandemia da covid-19, Marcelo e Costa suspenderam a sua participação no 10 de Junho fora do país.

Este ano será a primeira vez que os dois não estarão juntos por impedimento pessoal de um deles.

Vindo de Braga, onde decorrem as comemorações institucionais do 10 de Junho, Marcelo Rebelo de Sousa chega a Londres a meio da tarde e tem logo a seguir uma receção com representantes das comunidades portuguesas para assinalar o Dia de Portugal - ocasião em que discursa.

No que respeita às razões da escolha do Reino Unido para as celebrações externas do 10 de Junho, o chefe de Estado referiu recentemente que o modelo de comemorações do Dia de Portugal junto de comunidades emigrantes "começou em Paris, em 2016", no primeiro ano do seu mandato, "tem rodado pelos continentes" desde então e "era agora altura de voltar à Europa".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "também pesou" na decisão o Reino Unido ser agora "um país que não é União Europeia" e onde vivem "comunidades muito diferentes" de emigrantes portugueses: "Uma comunidade mais velha, mais antiga, hoje menos numerosa"; e outra "muito nova", composta por "estudantes, doutorandos, professores, investigadores, cientistas e outros profissionais".

Esta heterogeneidade da comunidade portuguesa residente no Reino Unido foi também salientada à agência Lusa pelo deputado socialista Paulo Pisco, eleito pelo círculo da Europa.

De acordo com Paulo Pisco, em consequência do “Brexit”, pediriam autorizações de residência no Reino Unido cerca de 420 mil pessoas, dos quais uma parte desempenha trabalhos “tradicionais” nos ramos da hotelaria, restauração ou agroindústria, e outra parte é composta por um número significativo de investigadores e jovens quadros.

“Houve um crescimento rápido da comunidade portuguesa sobretudo no período de assistência financeira internacional, com a troika, mas após o Brexit assistiu-se a uma estagnação”, apontou.

Paulo Pisco reconheceu a manutenção de alguns problemas no atendimento consular em Londres, mas não em Manchester. Destacou, no entanto, “o grande investimento que foi feito pelos governos de António Costa no aumento do número de funcionários, na ampliação das instalações consulares ou na modernização do equipamento informático”.

“Mas é preciso assinalar que metade dos cidadãos atendidos tem origem na Índia, Paquistão ou Brasil, o que dificulta o planeamento por parte dos nossos serviços consulares”, acrescentou.

No sábado, o Presidente da República começa a manhã no Escola Anglo-Portuguesa de Londres, seguindo depois para o Royal Brompton & Harefield Hospital e almoça com representantes da comunidade portuguesa ligados às artes.

Na parte da tarde, Marcelo Rebelo de Sousa visita o Imperial College – último ponto do programa oficial até agora definido. No domingo, pelas 12:00, o Presidente da República parte para Andorra.

As celebrações do Dia de Portugal no ano passado decorreram na Região Autónoma da Madeira, com um programa intenso, durante três dias, que terminou com a cerimónia militar comemorativa do 10 de Junho na cidade do Funchal.