Os países mediadores, Estados Unidos, Catar e Egito, tentam obter há vários meses um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Mas as possibilidades de acordo diminuíram nas últimas semanas porque as partes não cedem nas suas posições.

O Hamas, que governa Gaza e cujo ataque de 7 de outubro no sul de Israel desencadeou a guerra, exige que a retirada completa do Exército israelita do território palestino.

Mas o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, insiste que as tropas do país devem permanecer no "corredor Filadélfia", na fronteira entre Gaza e Egito.

"Onze meses. Chega. Ninguém aguenta isto por mais tempo. A humanidade deve prevalecer. Cessar-fogo agora", escreveu na rede social X o diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini.

A pressão internacional pelo fim da guerra aumentou na sexta-feira, após a morte de uma ativista turco-americana na Cisjordânia ocupada.

Aysenur Ezgi Eygi, 26 anos, morreu ao ser atingida por tiros das forças israelitas quando participava num protesto contra a colonização judaica em Beita, perto de Nablus, no norte do território palestino ocupado por Israel desde 1967.

"Aysenur defendia pacificamente a justiça quando foi assassinada a tiros", lamentou a família da jovem num comunicado, no qual também exigem uma "investigação independente".

"Pedimos ao presidente (Joe) Biden, à vice-presidente (Kamala) Harris e ao secretário de Estado (Antony) Blinken que ordenem uma investigação independente acerca do assassinato injusto de uma cidadã americana e que garantam que os responsáveis sejam plenamente responsabilizados", afirma a nota.

O Exército israelita afirmou na sexta-feira que os soldados do setor de Beita "responderam atirando na direção do principal instigador da violência, que havia atirado pedras e representava uma ameaça".

Também indicou que estava a "examinar as informações de que uma cidadã estrangeira teria sido morta em consequência dos tiros efetuados na área".

Washington, principal aliado de Israel, exigiu uma investigação. Mas a família considera que "perante as circunstâncias (...) da morte de Aysenur, uma investigação israelita não é suficiente".

As forças israelitas iniciaram a 28 de agosto uma operação em larga escala na Cisjordânia, onde a violência aumentou desde o início da guerra em Gaza.

"Aterrorizados"

O conflito em Gaza começou em 7 de outubro, quando um ataque de combatentes do Hamas em Israel deixou 1.205 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelitas.

Além disso, os milicianos islamistas sequestraram 251 pessoas, das quais 97 continuam em cativeiro em Gaza e 33 morreram, segundo o Exército israelita.

Em resposta ao ataque, Israel prometeu destruir o Hamas e iniciou uma vasta ofensiva de represália com bombardeamentos que já causou 40.939 mortes no território palestiniano, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.

Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas uma organização "terrorista".

A guerra em Gaza devastou o território estreito cercado por Israel e sua população, de 2,4 milhões de habitantes antes do conflito, enfrenta uma crise humanitária sem precedentes.

Vários bombardeamentos sacudiram o território palestiniano na manhã de sábado, segundo correspondentes da AFP. Os ataques atingiram Jabaliya e a Cidade de Gaza, no norte, assim como Nuseirat e Bureij, no centro, informaram testemunhas e os serviços de resgate.

Uma tenda montada na escola Halima Al-Saadiya, em Jabaliya, foi atingida por um bombardeamento, segundo testemunhas.

"A escola abriga entre 3.000 e 3.500 pessoas. Estávamos a dormir quando, de repente, um míssil caiu sobre nós. Acordamos aterrorizados. Encontramos mártires, incluindo mulheres e crianças", disse Ahmed Abd Rabbo.