“Juneteenth”. Assim é conhecida a data em que, em 1865, nos Estados Unidos, um grupo de escravos tomou consciência que era livre e se emancipou. A guerra civil tinha terminado há dois meses, em abril desse ano, e coube ao general Gordon Granger ir ao Texas – onde teve lugar este primeiro ato de emancipação – com uma ordem executiva assinada por Abraham Lincoln que declarava que todas as pessoas escravas eram livres e que os amos passavam a patrões que teriam de contratar trabalho pago.

A data é assinalada com múltiplas referências, desde Dia da Emancipação a Dia da Liberdade e é hoje reconhecida como feriado federal em 45 estados e também na capital americana, Washington (sendo que a maioria o fez nos últimos 20 anos), mas não é ainda um feriado nacional. O Texas foi o primeiro estado a tornar a data um feriado federal, em 1980.

Empresas como a Nike, o Twitter e a própria NFL estão a ajudar a “empurrar” o tema na agenda, ao anunciar planos para tornar o 19 de junho um feriado reconhecido pelas respetivas organizações.

Este ano, a data ganha um simbolismo reforçado no contexto dos protestos que escalaram nos Estados Unidos da América – e destes para o mundo – na sequência da morte de George Floyd, a 25 de maio. Estão previstas marchas, protestos, cânticos e greves por todo o país. Dezenas de eventos serão organizados em Nova Iorque para celebrar o dia, incluindo uma marcha e Chicago será a sede da festa na rua do movimento Black Lives Matter, com campanha de registo de eleitores.

A manifestação de Donald Trump no Juneteenth

Com o país dividido, o presidente americano aumentou o volume da discussão ao programar um grande comício de campanha em Tulsa, precisamente para hoje. A escolha da data original e o local do evento de campanha foram interpretados como uma provocação e Donald Trump acabou por mudar o comício para sábado.

Trump sublinhou que adiou o comício para 20 de junho por respeito. "Ninguém tinha ouvido falar disto", afirmou na quinta-feira ao "Wall Street Journal", aparentemente sem saber que a Casa Branca publica todos os anos uma declaração sobre a data. "Fiz algo bom. Tornei o Juneteenth famoso", completou.

Em 1921, Tulsa foi cenário de um dos maiores massacres racistas do país, quando morreram cerca de 300 afro-americanos naquele que ficou conhecido como o Massacre de Black Wall Street.

Quatro quadros removidos no Capitólio 

Ontem quatro quadros com imagens de ex-parlamentares do século XIX que serviram na Confederação foram removidos do Capitólio, numa ação que visou assinalar como a não tolerância ao racismo e à injustiça nos Estados Unidos.

Os retratos, todos de líderes da Câmara dos Representantes no século XIX, foram removidos por ordem da atual presidente da casa legislativa, Nancy Pelosi.

"Não há lugar nos corredores do Congresso, nem em nenhum local de honra, para celebrar homens que incorporam a intolerância violenta e o racismo grotesco da Confederação", declarou Pelosi.

A chefe da Câmara dos Representantes disse que fez o pedido para que o mesmo coincida com o "Juneteenth", face ao "momento de extraordinária angústia nacional devido à dor causada pela morte de centenas de negros americanos pela injustiça racial e violência policial".

*Com AFP

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