O estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, "Os jovens em Portugal, hoje: quem são, o que pensam e o que sentem", que pretende traçar um retrato dos jovens portugueses, revela que 23% dos inquiridos já tentaram suicidar-se ou tiveram pensamentos suicidas.
Laura Sagnier, co-autora do estudo, diz que este é um dado “muito preocupante”, com muita expressividade e que pode ser lido em paralelo com outros, como o consumo de antidepressivos. Mais de um quarto (26%) dos jovens inquiridos afirmam que estão a tomar ou já tomaram medicamentos para a depressão ou ansiedade.
“O suicídio está muito relacionado com o facto de o jovem ter ou não uma relação satisfatória com os pais. Se os dividirmos em dois grupos, no grupo dos que se sentem satisfeitos com a mãe e o pai, a taxa de tentativa ou pensamentos suicidas é 15%; e esta aumenta para 31% entre aqueles que não têm uma boa relação com um ou os dois pais”, explica Sagnier.
Já ao Público, o sociólogo Vítor Sérgio Ferreira diz ser preciso “especular” para compreender estas taxas. “O contexto de instabilidade, de insegurança que os jovens de hoje sentem em relação ao futuro, a dificuldade de projectar algumas metas sociais, de arranjar emprego, de ter um salário digno, de autonomizar-se da casa dos pais [57% dos inquiridos dizem ainda viver na casa dos pais ou de outros familiares]".
“Este contexto pode gerar sentimentos de frustração, de mau estar, de ansiedade perante o futuro", explica.
O estudo inquiriu 4904 jovens entre os 15 e os 34 anos.
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