“Atendendo que, segundo é dito, apenas um quarto da população atual tinha mais de 16 anos em 1974, é necessário de alguma forma reavivar o significado da data sem ser em tom nostálgico, mas, sobretudo, trazer os valores da democracia às novas gerações, voltar a discutir e a refletir sobre eles, não esquecendo a memória, que tem de ser guardada e mostrada”, sublinhou Acácio de Sousa.

O programa centra-se ainda na “festa do povo”, que vem à rua e oferece uma programação alargada, ao longo de um ano, chamando o concelho de Leiria a lembrar o contributo de quem combateu a ditadura e a refletir sobre os valores da democracia.

Acácio de Sousa revelou que Leiria vai recolher testemunhos nas freguesias de quem viveu na época do 25 de Abril de 1974, referências que serão depois trabalhadas cientificamente e editadas em vídeo.

“Vamos fazer uma recolha de testemunhos nas freguesias. Pessoas que viveram as agruras da democracia. Ou diretamente ou familiares de quem já não está cá. Esses testemunhos vão ser tratados do ponto de vista científico e editados em vídeo. Esta recolha de memórias parece-me muito importante”, destacou.

O programa, que foi preparado por uma comissão executiva, coordenada por Acácio Sousa e constituída por Mariana Violante, Rosa Pedrosa, Sandra Campos e Paulo Clemente, com os contributos de uma comissão consultiva constituída pelo presidente da Assembleia Municipal e representantes das forças políticas com assento naquele órgão, vai envolver instituições e os tecidos associativo, cultural e social de Leiria, bem como as freguesias do concelho de Leiria.

“Vai ser um programa multifacetado entre o que serão conversas, debates, exposições, artes performativas, teatro, bailado, dança, cinema, até à festa final. Abril era a festa do povo e vai haver uma festa do povo com a recriação de Leiria há 50 anos em abril de 2024”, explicou.

A primeira iniciativa arranca já no dia 03 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, onde se vai discutir “aquilo que foi mais emblemático com a chegada da democracia, que é a liberdade de expressão e o seu uso”.

“Vamos ter em Leiria José Carlos de Vasconcelos, Anabela Neves e Anselmo Crespo. Três personalidades notáveis do jornalismo em Portugal, que vão discutir o jornalismo ontem e hoje”, revelou Acácio de Sousa.

Também a 13 de maio de 2023, a Fundação Francisco Manuel dos Santos debate em Leiria "Cinco Décadas de Democracia, o que mudou?", com António da Costa Pinto.

Estão previstas várias mesas redondas, já com a confirmação da presença de personalidades como Henrique Neto, Joaquim Vieira, Alberto Costa, José Augusto Esteves, Pezarat Correia, Maria Inácia Rezola e Adelino Gomes.

Serão também organizadas conversas para discutir conceitos que vêm do "lápis azul da censura ao algoritmo", dinamizadas por órgãos da comunicação social de Leiria.

Também "Leiria no caminho de Abril" mostrará o contributo do Leiria para a democracia, vindo desse passado até ao presente, percebendo "quem fez Abril”.

O debate sobre "Democracia e a Sociedade" será dinamizado pela Nerlei - Associação Empresarial da Região de Leiria, abordando o que era, antes e depois, a economia, o mundo empresarial, os direitos laborais e formas de intervenção cívica.

Serão, ainda, feitos trabalhos com as escolas e a imprensa sobre formas de participação juvenil antes de 1974.

Na sessão solene do dia 25 de Abril, os jovens terão a palavra para discutirem sobre o significado da participação política para as novas gerações.

Será pintado um grande mural em Leiria, a forma de expressão artística mais representativa do 25 de abril, com a colaboração da comissão nacional para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.