Esta posição da presidente do Grupo Parlamentar do PS foi revelada quarta-feira à noite, no programa "Circulatura do Quadrado" da TVI-24 e TSF.
“Do meu ponto de vista, houve mesmo pouca sensibilidade e alguma inabilidade política para gerir esta situação que, espero, seja ultrapassada”, declarou a deputada no programa.
Lembrando que o PS faz parte da comissão promotora do desfile “desde sempre”, Ana Catarina Mendes adiantou que, tanto quanto soube, “não houve uma deliberação da entidade promotora, houve um comunicado”.
Na opinião da deputada, mesmo com os atuais constrangimentos relacionados com a pandemia da covid-19, “se forem observadas as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS), o distanciamento, as máscaras, tudo isso”, existem condições para realizar o desfile, que em 2020 não se realizou por existir uma “incerteza ainda maior do que há hoje sobre a situação pandémica”.
“Eu acho honestamente que nós não estamos a falar aqui de um partido que pudesse ser excluído, que de resto já participa há dois anos neste desfile. É um partido democrático, com assento parlamentar e acho que podia ter havido aqui algum bom senso a tratar a situação de forma a que todos possam participar, garantindo que as condições de segurança estão asseguradas”, considerou a parlamentar.
Ana Catarina Mendes rejeitou ainda “discursos divisionistas” sobre a data.
“Eu não acho que nós possamos continuar a ter este discurso divisionista de que uns são do 25 de Abril e os outros não são: o 25 de Abril fez-se precisamente para garantir a liberdade para todos, a democracia para todos e que todos possamos participar democraticamente naquilo que são os festejos do bem maior que nós temos chamado liberdade”, defendeu.
A líder parlamentar socialista disse esperar que a situação seja ultrapassada, mas não “com cedências”, depois de o partido Livre, também membro da comissão promotora, ter oferecido dois lugares da sua comitiva a cada um dos partidos excluídos do desfile.
“Porque depois isto presta-se a estes papéis: depois há um partido que acha que é melhor do que a entidade promotora e vai dar os lugares. Não vale a pena, há lugar para todos, é isso mesmo o 25 de Abril, é um espaço de todos”, concluiu.
Na terça-feira, a Iniciativa Liberal acusou a comissão promotora do desfile do 25 de Abril de tentar impedir o partido de participar nas comemorações, e na quarta o Volt revelou que lhe foi negada participação no desfile, uma decisão que contesta.
O Volt indicou que vai desafiar esta decisão estando presente no local e a IL pretende organizar o seu próprio desfile no mesmo dia e local.
A Associação 25 de Abril, uma das entidades que constitui a comissão promotora do desfile, mostrou-se surpreendida com as críticas da Iniciativa Liberal e Volt, justificando que, devido à pandemia, a comissão promotora decidiu que o desfile que assinala a Revolução dos Cravos teria participação reduzida.
A Comissão Promotora das comemorações populares do 25 de Abril já alertou que apenas quem for convidado pode integrar o desfile no domingo e apelou a todos que cantem a "Grândola Vila Morena" à janela, como no ano passado.
A 06 de abril, em declarações à Lusa, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, referiu que PS, PCP, Bloco de Esquerda, Partido Ecologista “Os Verdes” e Livre bem como a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical Nacional), que integram a comissão, mostraram vontade de realizar o desfile, dentro das regras estabelecidas.
“Quando foi tomada a decisão, só houve uma associação que se manifestou, dizendo que por eles, porque são essencialmente já de idade avançada, não iriam participar no desfile, ainda que apoiem todas as outras iniciativas que se façam”, continuou o presidente da Associação 25 de Abril referindo-se à Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRE).
Depois disso, disse, a UGT (União Geral de Trabalhadores) também “fez saber aos membros da comissão promotora que não participaria no desfile porque considera que não há condições”.
A comissão promotora é composta por mais de 40 organizações, entre dezenas de associações e movimentos, além das centrais sindicais GCTP-IN e UGT e dos partidos políticos PS, BE, PCP, PEV e Livre.
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