Intitulada “A cicatriz de Belém”, a obra foi apresentada na sexta-feira e está exposta na entrada do hotel “Walled-Off”, que Banksy abriu em 2017 na cidade e cujos quartos dão para o muro construído por Israel em prejuízo dos palestinianos.
Uma parte do muro, com as palavras paz e amor grafitadas, serve de pano de fundo a um presépio numa pequena mesa, com presentes ao pé. O impacto do obus no muro provocou um buraco com forma de estrela que fica acima de Maria, José e Jesus, rodeados de uma vaca e de um burro.
Para Wissam Salsaa, diretor do hotel, “A cicatriz de Belém” simboliza uma “cicatriz da vergonha”.
“O muro simboliza a vergonha por todos os que apoiam o que se passa na nossa terra, todos os que apoiam a ocupação ilegal” da Cisjordânia por Israel desde 1967.
O Estado hebreu iniciou em 2002 a construção de uma barreira, formada em alguns locais por blocos de cimento de vários metros de altura, para se proteger das incursões a partir da Cisjordânia em plena vaga de atentados palestinianos durante a segunda Intifada (revolta, 2000-2005).
Em 2004, o Tribunal Internacional de Justiça declarou a sua construção ilegal.
Israel afirma que a barreira continua a proteger de ataques com origem na Cisjordânia.
Para os palestinianos, a barreira é um dos símbolos mais odiosos da ocupação israelita e ela tem sido uma fonte de inspiração para Banksy, que ficou famoso com as suas pinturas subversivas no espaço público.
Bansky tem várias pinturas no muro, que se tornou um local de protesto e de expressão político artística. As pinturas que cobrem algumas partes da barreira são também uma atração turística.
Com esta obra, o artista contribuiu “à sua maneira” para as festividades do Natal que decorrerão na próxima semana em Belém, a cidade onde a tradição cristã situa o nascimento de Jesus.
Banksy “tenta difundir a voz dos palestinianos no mundo através da arte e cria um novo modelo de resistência graças a essa arte”, congratulou-se Salsaa.
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