Recorrendo a bonecos semelhantes aos da Lego, a China criou um vídeo onde tece fortes críticas aos Estados Unidos. Num diálogo entre um guerreiro de terracota e a Estátua da Liberdade, são vários os temas abordados, desde a construção dos hospitais de campanha até às informações alegadamente escondidas.
Neste vídeo publicado peça agência de notícias estatal chinesa Xinhua, intitulado "Once Upon a Virus", figuras semelhantes a bonecos da Lego desenvolvem um diálogo, com fortes críticas da China aos Estados Unidos: o lado chinês — representado por um guerreiro de terracota com máscara — acusa os norte-americanos — representados pela Estátua da Liberdade — de ter uma resposta lenta à pandemia do novo coronavírus.
O vídeo segue uma cronologia, de dezembro até à atualidade, e vai percorrendo alguns dos pontos mais falados entre as duas potências, entre eles:
China: Reportados estranhos casos de pneumonia
EUA: E então?
China: É perigoso
EUA: É apenas uma gripe
China: Usar máscara
EUA: Não usar máscara
China: Ficar em casa
EUA: Isso viola os direitos humanos
China: Construir hospitais temporários
EUA: São campos de concentração
China: Foram construídos em dez dias
EUA: É só dar nas vistas!!
O vídeo, publicado a 29 de abril, já tem mais de um milhão de visualizações. Durante quase dois minutos, os EUA descartam todos os avisos da China, mas depois criticam o gigante asiático por não ter avisado mais cedo sobre a covid-19. O guerreiro de terracota deixa de estar sozinho em cena e aparecem vários profissionais de saúde, com equipamento de proteção.
EUA: Vocês mentiram
China: Os nossos dados são públicos
EUA: Vocês mantêm tudo secreto
Nesse momento do vídeo, a Estátua da Liberdade aparece doente, com a cara de outra cor e já de máscara, estando a ser-lhe administrado soro ou medicação.
China: As vossas pessoas estão agora a morrer
EUA: Vocês não nos avisaram
China: Nós dissemos que era perigoso
EUA: Vocês mentiram!
Após várias contradições sobre a pandemia, o vídeo termina com a Estátua a dizer "Estamos sempre corretos, mesmo quando nos contradizemos", ao que o guerreiro chinês responde "É o que eu mais gosto em vocês, americanos: a vossa consistência".
Segundo o Quartz, o vídeo "é eficaz porque, como qualquer boa peça de propaganda, mistura elementos da verdade com simplificações excessivas, exageros e falta de contexto".
A Lego já reagiu ao vídeo, em resposta ao ao Business Insider, dizendo que não tem qualquer relação com a publicação. "Não participámos na animação de forma alguma. Como empresa de brinquedos, estamos a concentrar-nos em levar brincadeiras às crianças e famílias", disse um porta-voz da marca. É ainda referido que a Lego pediu justificações à agência estatal chinesa, mas até ao momento não viu respondidas as suas perguntas.
No final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China, surgia a doença que está agora nas bocas do mundo.
O novo coronavírus, SARS-CoV-2, responsável pela pandemia da covid-19, terá surgido num mercado de animais vivos. Apesar da origem do vírus ainda não ser clara, são várias acusações de que a China é alvo.
Num primeiro momento, os EUA acusaram a China de ter falseado os dados sobre a gravidade do novo coronavírus: os serviços de inteligência norte-americanos estimam ainda que o número de mortes e casos de infeção divulgados por Pequim sejam falsos, intencionalmente abaixo face à realidade da pandemia naquele país.
Ontem, o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, afirmou que existe um "número significativo de provas" de que o novo coronavírus é proveniente de um laboratório na cidade chinesa de Wuhan, local de origem da pandemia.
Esta versão, porém, tem sido refutada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que diz que o vírus é de "origem natural".
Contudo, persistem as dúvidas e são já vários os países que exigem uma investigação não apenas à origem do vírus — o que Pequim recusa — como à atuação da OMS durante a pandemia. A organização foi acusada pelos EUA de ser favorável a Pequim, ao ponto de Trump suspender o financiamento à organização.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 245 mil mortos e infetou mais de 3,4 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.043 pessoas das 25.282 confirmadas como infetadas, e há 1.689 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.
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