Num texto difundido hoje pela sua editora, o socialista, ex-candidato à Presidência da República, escreve: “A globalização, além de geradora de terríveis desigualdades, também podia trazer a sua peste negra”, e argumenta que “não haverá recuperação sem uma nova visão do mundo” e “por isso a Cultura é também uma prioridade”.
Uma prioridade, “mesmo que omitida pelas cento e tal personalidades que pedem medidas de retoma. Mesmo que na reunião do primeiro-ministro com economistas e académicos não haja escritores, nem artistas, nem editores, nem livreiros”, sublinha o autor de “O Canto e as Armas”.
O ex-deputado do PS acrescenta que, “afinal, o egoísmo, o narcisismo, a obsessão do sucesso a todo o preço, a soberba dos poderes dominantes não estavam preparados para esta pandemia. Não eram nem são omnipotentes”
Defende Alegre que Portugal precisa “de poesia, de romances, de ensaios”, referindo que “não há livros sem editores e livreiros, sem aqueles que os escrevem e sem aqueles que os fazem e levam até ao público”.
Alegre escreve que “a prioridade das prioridades são os ventiladores, as máscaras, a protecção dos profissionais de saúde, a luta contra a doença. E a produção dos bens essenciais”. E enfatiza: “Não só o pão, mas também livros. Os já escritos e os ainda por escrever”, argumenta o escritor.
Os tempos são de “emergência sanitária, emergência económica, emergência cultural, a mais esquecida”, lê-se no texto, advertindo Alegre que “não é só a nossa sobrevivência e a nossa saúde que foram e estão ameaçadas” e, “nem só a Economia que está a sofrer danos incalculáveis”.
O atual modo de vida “não voltará a ser o que era”. “Sabe-se o que está a acabar, não se sabe o que vai nascer”, sentencia o autor de “As Naus de Verde Pinho”.
Por isso, acrescenta, “é em tempos assim que a Cultura é mais necessária do que nunca”.
“Tudo tem de ser repensado. Tudo está escrito e tudo está por escrever”, atesta Manuel Alegre realçando que “não haverá recuperação sem uma nova visão do mundo”
“Com cada livraria que fecha e cada editora que acaba não é apenas um pouco de nós e do nosso passado que morre, é também o futuro que se atrasa. E o futuro passa por uma outra visão, uma nova cultura, mais livros”, remata Manuel Alegre.
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