“Este é um investimento que vai, sem dúvida alguma, ter impacto em termos de indicadores de saúde perinatal e saúde infantil. E acreditamos que, a longo prazo, surgirão, também, melhores indicadores de saúde de forma geral”, disse a diretora clínica do Centro Hospitalar e Universitário São João (CHUSJ), Maria João Baptista.

O Banco de Leite Humano do Norte – que já está a funcionar, já tem leite e já conta com mães dadoras inscritas – está localizado na nova Ala Pediátrica do CHUSJ, tendo nascido por iniciativa deste centro hospitalar e fruto de um investimento de meio milhão de euros.

Com paralelo, em Portugal, apenas no banco de leite da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), de Lisboa, este novo equipamento beneficiará, numa primeira fase, os bebés internados no CHUSJ e do Centro Materno Infantil do Norte (CMIN), equipamento do Centro Hospitalar e Universitário do Porto (CHUP).

“Mas pretende-se que, no futuro, seja utilizado por toda a região Norte”, garantiu Maria João Baptista, enquanto o presidente o CHUP, Paulo Barbosa, realçou “o princípio do trabalho em rede”.

Em causa está o recurso a leite humano doado por mães saudáveis com bebés até seis meses que tenham excedente de leite materno para alimentar bebés prematuros, bem como bebés internados por doenças graves.

O leite é extraído e armazenado em casa e depois recolhido por uma equipa de profissionais que vai ao domicílio esclarecer dúvidas e garantir que este processo é realizado com segurança e higiene.

As mães que manifestem vontade de ser dadoras são submetidas a análises e o leite, depois de recolhido, é conservado em máquinas de frio no CHUSJ e distribuído aos serviços de neonatologia que dele necessitem depois de testado e pasteurizado.

“Este leite humano, apesar de não ser o leite da sua mãe, é um leite que confere imunidade ao bebé, que o protege de problemas gastrointestinais. Os bebés prematuros estão muito sujeitos a ter problemas gastrointestinais muito graves que às vezes implicam até a morte do bebé”, descreveu a médica.

Já o diretor do serviço de Neonatologia do CHUSJ, Henrique Soares, recordou que está provado que os bebés de alto risco, nomeadamente na prematuridade, mas também outros bebés com outras doenças, beneficiam muito se alimentados com leite da dadora ao invés da habitual formula comercial.

“Os riscos baixam muito consideravelmente na enterocolite necrosante, por exemplo, uma patologia muito conhecida entre pediatras. O leite de dadora vai fazer toda a diferença na diminuição dessa situação clínica”, acrescentou.

Salvaguardando que o leite de dadora não substitui nunca a primazia do leite a própria mãe, Henrique Soares sublinhou que o leite humano tem características imunológicas que se mantêm mesmo depois da pasteurização.

“Existem estudos que apontam para melhores resultados no neurodesenvolvimento aos 2 anos quando comparamos com bebés que são alimentados com fórmula”, referiu o diretor.

Ainda sobre efeitos a longo prazo, Maria João Baptista acrescentou que bebés alimentados com leite humano “são bebés que têm um desenvolvimento biológico mais adequado e um QI mais elevado”.

“E mesmo na adolescência, as pessoas alimentadas com leite humano, são pessoas que têm um perfil lipídico e um risco cardiovascular melhor”, conclui, considerando que este leite “é mais do que um alimento"

"É quase um medicamento”, rematou.

Já, num apelo à dádiva, fazendo até um paralelismo com a dádiva de sangue, o provedor do utente do CHUSJ, Américo Aguiar, elogiou o “gesto nobre” das mães que doam o seu leite para “melhorar a qualidade de vida de bebés que precisam”.

“A generosidade das mães portuguesas não é surpresa, mas é de realçar”, disse o também bispo auxiliar de Lisboa.

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