Dois tigres siberianos orfãos, Boris e Svetlaya, foram resgatados da natureza quando tinham apenas cerca de 3 a 5 meses. Vieram das montanhas Sikhote-Alin, na Rússia, o principal habitat desta espécie, e, ao fim de 18 meses, foram libertados em duas regiões que distavam, entre si, mais de 160 quilómetros.

O objetivo dos cientistas e conservadores russos que monitorizaram o resgate e a devolução ao habitat natural era o de expandir ao máximo a distribuição dos tigres na região de Pri-Amur, ao longo da fronteira entre a Rússia e a China. A espécie, que também é conhecida por ser a dos maiores felinos, está em risco de extinção e, daí, a preocupação em aumentar a probabilidade de se multiplicar no território.

Os dois tigres criados juntos e separados ao fim de um ano e meio continuaram a ser acompanhados pela equipa de cientistas e foi assim que observaram que Boris estava em movimento. O tigre macho andou mais de 190 quilómetros até reencontrar Svetlaya e, ao encontrá-la, aí ficou, tendo o par tido crias seis meses depois.

A estratégia de libertar felinos resgatados e criados em cativeiro para restaurar populações na natureza tinha sido já usada, por exemplo, com lince ibérico na Pensínsula Ibérica, mas ainda não tinha sido tentada com grandes felinos.

Com base na história de Boris e  Svetlaya, os cientistas que trabalham com a Wildlife Conservation Society defendem, num estudo publicado em novembro, no Journal of Wildlife Management, que o resgate e crescimento em cativeiro e posterior reintegração na natureza pode tornar-se uma opção viável para restaurar tigres selvagens no seu habitat natural.

Segundo relata o New York Times, esta não é a única história de amor entre tigres. Um outro relato é protagonizado por uma fêmea a que chamaram Zolushka (ou “Cinderela” em russo), encontrada por dois caçadores num banco de neve há alguns anos. Após os cientistas a devolverem à natureza, um tigre macho, que não estava mapeado, foi avistado por um dispositivo fotográfico perto do local onde Zolushka tinha sido libertada.

Sendo a área muito vasta, o encontro foi considerado um incrível golpe de sorte. “O príncipe da Cinderela apareceu e viveram felizes para sempre”, comentou Dale Miquelle, cientista principal da Wildlife Conservation Society e autor do estudo. Zolushka e o macho também tiveram uma ninhada de crias, as primeiras conhecidas a nascer naquela área desde os anos 1970.

Estima-se que existam na Rússia entre 485 e 750 tigres siberianos.