Jorge Santos, empresário da restauração e responsável pelo BB Gourmet no Campo Alegre, no Porto, sabe de cor o guião das novas regras que terá de implementar no seu estabelecimento no momento em que o Governo permita aos restaurantes reabrirem em segurança no contexto da pandemia da covid-19.
“O cliente deverá reservar para poder aceder ao restaurante. À chegada iremos medir a temperatura do cliente e, se não corresponder [a um valor seguro], não poderá entrar. Depois levá-lo à mesa. Na mesa, deixaremos cerca de dois metros de distância para a mesa do lado. A escolha do menu será numa aplicação no telemóvel ou no ‘tablet’ do restaurante”, enumera Jorge Santos, armado de máscara, viseira e luvas.
O plano de contingência do empresário no combate à covid-19 prevê que os pedidos de comida cheguem à mesa com funcionários sempre munidos de viseiras, máscaras e luvas.
O pagamento é ‘online’ ou em dinheiro certo para incentivar que não se tenha de mexer com trocos, acrescenta, referindo contar ter capacidade para atender entre 40 a 50 pessoas em simultâneo. Em tempos de pré covid-19 tinha capacidade para cerca de 100 clientes em simultâneo.
A medição da temperatura corporal para os funcionários à entrada e à saída dos turnos, bem como a realização de testes covid-19, são outras das medidas que os empresários da restauração consideram importantes.
Em entrevista à Lusa, o presidente da associação nacional de restaurantes PRO.VAR (Promover e Inovar a Restauração Nacional) defende a implementação de testes covid-19 obrigatórios para “todos os funcionários do setor da restauração” e “financiados pelo Governo”.
“Era importante que o Governo fizesse um rastreio de 15 em 15 dias ou semanalmente a todos os funcionários de modo a permitir uma segurança praticamente absoluta”, defende Daniel Serra.
A associação também recomenda aos empresários do setor que façam uma “desinfeção integral” das mesas e cadeiras após os clientes se irem embora.
“Tem de haver segurança absoluta dos trabalhadores e confiança do cliente para frequentar o restaurante. Queremos ter segurança extrema, para que haja uma confiança extrema e para que sejamos um exemplo para o mundo e para que o turismo regresse”, declara Daniel Serra.
A questão da distância entre clientes à mesa do restaurante e a medição de temperatura dos trabalhadores à entrada e à saída do trabalho e dos clientes à entrada são outras propostas validadas pela associação de restaurantes.
Higienizar o espaço durante a noite através do ar condicionado com produtos que sejam colocados de forma generalizada faz também parte do rol de novas regras propostas pela PRO.VAR ao Governo.
A associação recomenda ainda aos empresários do setor que façam uma “desinfeção integral” das mesas e cadeiras, após os clientes se irem embora.
As medidas propostas pela associação vão acrescer os custos na restauração e “não serão economicamente viáveis” no início, observa o presidente da associação, apelando ao Governo para que tenha o “bom senso em criar medidas que não sejam para aumentar os custos”.
Manuel Pinheiro, há 36 anos na restauração e dono do restaurante o Gaveto, em Matosinhos, no distrito do Porto, declarou à Lusa que a pandemia foi uma “bomba atómica” que aconteceu no mundo e que atingiu o setor da restauração e que a forma de combater o inimigo comum — o novo coronavírus — vai passar por implementar medidas de segurança que devem abranger de forma equitativa todos os restaurantes do país.
“Fechar é fácil, mas depois abrir não é. (…) Não há nenhuma solução mágica para seis meses ou um ano”, declara Manuel Pinheiro, defendendo que as medidas tomadas sejam fruto da colaboração entre Governo, associações do setor e entidades que tutelam o setor e que essas medidas “reajustadas quinzenalmente”, tendo como prioridade a saúde dos portugueses.
A associação PRO.VAR, que diz ter reunido com vários grupos parlamentares e com a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, apela ao Governo para que prolongue os apoios ao setor, designadamente no ‘lay-off’, até ao final do ano.
O setor de restaurantes e cafés foi afetado com a pandemia do novo coronavírus e a maioria teve de encerrar ou trabalhar no registo de ‘take away’.
O decreto presidencial que renovou o estado de emergência até 2 de maio prevê “a possibilidade de futura reativação gradual, faseada, alternada e diferenciada de serviços, empresas e estabelecimentos”.
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