
Na 143º sessão ordinária do Congresso, no Congresso Nacional de Buenos Aires, Milei anunciou que a Argentina está perto de fechar um novo acordo com o FMI, que incluiria um empréstimo do Fundo Monetário Internacional para "eliminar os controlos de cambio ainda este ano". Esclareceu que o pagamento da dívida virá "de um maior ajuste fiscal por meio da redução dos gastos públicos".
Durante a primeira metade de seu discurso de 45 minutos, Milei fez um balanço de seu primeiro ano de governo e classificou o seu programa económico como "o mais bem-sucedido até hoje": "Reduzimos a inflação em uma velocidade sem precedentes", afirmou.
E, por isso, comentou que "os olhos do mundo hoje estão voltados para a Argentina" e que, "em alguns casos, até tomam nota" das suas sugestões de gestão "para aplicar nos seus próprios países, como fez Elon Musk à frente da agenda de desregulação dos Estados Unidos".
O presidente argentino celebrou a demissão de 40.000 funcionários públicos, a extinção do Instituto de Cinema, do Ministério da Mulher, do Instituto contra a Discriminação e da agência estatal de notícias Télam, que classificou como "cabides de emprego para militantes".
Milei também declarou que eliminou as obras públicas, alegando que eram "um dos esquemas de corrupção da política", e convidou a sociedade a "erradicar a mentira de que as obras públicas geram empregos", afirmando que, na realidade, "geram impostos".
Além disso, prometeu promover uma reforma trabalhista, uma reforma tributária estrutural e uma profunda reforma migratória.
O anúncio da reforma trabalhista foi feito no mesmo dia em que o sindicato dos trabalhadores do setor público denunciou uma nova onda de quase 3 mil demissões, num contexto de 200 mil postos de trabalho perdidos em 2024.
"Criptogate"
O discurso foi interrompido várias vezes por aplausos, num cenário em que, por alguns momentos, se assemelhou a um ato partidário, diante da ausência da maioria dos deputados parlamentares.
Na sua intervenção, Milei referiu indiretamente as acusações sobre a sua suposta participação num esquema fraudulento com criptomoedas: "O Banco Central roubou 110 bilhões de dólares dos argentinos. Venham agora falar de esquema de pirâmide", disse, antes de afirmar que o Tesouro usará o eventual desembolso do FMI "para pagar a sua dívida com o Banco Central".
O chamado caso "criptogate", que abalou o cenário político argentino, começou no dia 14 de fevereiro, quando o presidente promoveu, segundo o próprio, "de boa-fé", uma criptomoeda que entrou em colapso em apenas duas horas, causando perdas bilionárias. O caso está sendo investigado pela justiça argentina e pela justiça americana.
Milei também reiterou neste sábado a sua proposta de reduzir a idade da maioridade penal e aumentar as sanções criminais.
Para a consultora política Shila Vilker, a estratégia do governo nos próximos meses será "endurecer ainda mais o discurso e adotar um tom mais agressivo, como mecanismo de defesa para um programa baseado exclusivamente na estabilidade econômica", algo que, segundo muitos economistas, "mais cedo ou mais tarde sofrerá um impacto devido à necessidade de desvalorização".
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