Em Israel, que conta com uma população na ordem dos nove milhões de habitantes, mais de cinco milhões de pessoas já foram vacinadas e a pandemia parecia estar controlada.
No entanto, o país contabilizou, pelo terceiro dia consecutivo, mais de 100 novos contágios, um número que não era registado há vários meses e que está a ser associado à variante Delta (diagnosticada pela primeira vez na Índia). Assim, muitos dos infetados são agora pessoas que já estavam vacinadas contra a covid-19, situação que está a fazer soar os alarmes no país que se tornou, nos primeiros meses do ano, um dos líderes mundiais da vacinação contra a doença.
Na sequência deste aumento de casos, o executivo israelita, liderado por Naftali Bennett, que retomou esta quarta-feira o gabinete de crise da covid-19, decidiu adiar para agosto a abertura do país à entrada de turistas vacinados. Até agora, só era autorizada a entrada de grupos de turistas vacinados, integrados em viagens organizadas e sob rígidas medidas de prevenção. O objetivo eram reabrir o país a turistas individuais a 1 de julho.
Foi ainda anunciada uma recomendação oficial para vacinar todas as crianças com idades entre os 12 e os 15 anos, depois de terem sido detetados vários surtos em escolas.
É um passo atrás para um país que tem mais de metade da população vacinada e que já tinha levantado quase todas as medidas de distanciamento social e a obrigatoriedade do uso de máscaras. A 1 de junho, Israel deixou até de considerar obrigatório mostrar o certificado de vacinação para entrar em espaços como restaurantes, ginásios, ou salas de espetáculos. A par, colocou um fim aos limites de lotação.
As novas medidas incluem, por exemplo, o aumento das coimas por violação do período de quarentena, um reforço da capacidade de monitorização das cadeias de contágio e novas campanhas informativas. Além disso, a obrigação de usar máscara já foi restabelecida no aeroporto e em instalações médicas. Pondera-se ainda, se o número de novos casos diários se mantiver acima dos 100, repor a obrigação do uso de máscara em espaços fechados.
"Neste momento, o nosso objetivo, em primeiro lugar, é proteger os cidadãos de Israel da desenfreada variante Delta", afirmou Naftali Bennet, durante uma reunião com membros do executivo israelita e especialistas.
Na mesma reunião, o primeiro-ministro israelita, que tomou posse este mês, frisou, no entanto, que a estratégia que vai ser adotada pretende não alterar em muito a vida da população.
O ministro da Saúde, Nitzan Horowitz, anunciou que, em certas situações, poderia ser exigido a pessoas vacinadas ou que recuperaram da covid-19 a realização de quarentena.
Os cidadãos israelitas que façam viagens para países na lista vermelha sem autorização do Ministério da Saúde, como exige a lei, também serão multados. Pelo que quem viajar para o estrangeiro deve assinar uma declaração comprometendo-se a não visitar os respetivos países - Rússia, Índia, México, Brasil, Argentina e África do Sul.
As críticas não tardaram depois de Bennett, na terça-feira, exortar os israelitas a evitarem viagens internacionais não essenciais.
"Não é atualmente uma ordem, é um pedido", disse o primeiro-ministro aos repórteres no Aeroporto Ben Gurion, após uma visita a locais de teste e de uma uma reunião com Nitzan Horowitz, com o Ministro do Interior Ayelet Shaked e o Ministro dos Transportes Merav Michaeli.
O número de casos ativos em Israel atingiu os 606, contra 477 comunicados na terça-feira e os 186 registados no dia 9 de junho.
Na quarta-feira, foram comunicados um total de 146 novos casos de infeção, elevando o número total de casos no país para 840.225.
No entanto, o número de mortos permaneceu inalterado em 6.428, e o número de doentes em estado grave permaneceu em 26, de um total de 50 doentes hospitalizados.
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