A vítima começou o depoimento no tribunal criminal de Avignon, no sul de França, no quarto dia do grande julgamento contra 51 homens, incluindo o seu marido, pelo crime de violação qualificado.

Se é vítima de violência doméstica ou conhece alguém que seja, as seguintes linhas de apoio podem ajudar

APAV | Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

tel. 116 006 (telefonema gratuito, das 08h00 às 2h00)

Guarda Nacional Republicana (GNR)

A Plataforma SMS Segurança foi desenvolvida para dar resposta quer a pessoas surdas ou portadoras de deficiência auditiva como para situações de urgência em que o tradicional canal de voz não seja o mais adequado:  tel. 961 010 200

Centro de Saúde ou Hospital da zona de Residência (Portal da Saúde)

SNS 24 (808 24 24 24), disponível todos os dias, 24 horas por dia

Número Nacional de Socorro (112)

Linha Nacional de Emergência Social (tel. 144, disponível todos os dias, 24 horas por dia)

Linha da Segurança Social (tel. 300 502 502)

Este caso, que horrorizou a França, foi revelado por acaso quando o seu marido Dominique P., de 71 anos, foi preso em 2020 por filmar por baixo de saias de clientes de um shopping.

Os investigadores encontraram no seu computador milhares de fotografias e vídeos da vítima, visivelmente inconsciente, enquanto dezenas de estranhos a violavam.

"O meu mundo está a desabar, tudo está a desabar, tudo que construí durante 50 anos", disse Gisèle P., ao lembrar o momento quando a polícia lhe mostrou algumas fotografias no dia 2 de novembro de 2020.

Na imagem, "estou inerte, na minha cama e estão a violar-me. São cenas bárbaras", relatou aos cinco magistrados sobre as violações organizadas por Dominique P., pai dos seus filhos.

Nesse dia, a vítima recusou-se a ver os vídeos das cerca de 200 violações sofridas, encontrados pelos investigadores, primeiro na região de Paris e depois em Mazan, no sul de França, até 2020.

Alguns acusados alegam que não sabiam que o marido administrava comprimidos para fazer a vítima dormir e pensavam que se tratava de um casal liberal, algo que a vítima negou no início do seu depoimento.

"Não fale comigo sobre cenas de sexo. São cenas de violação. Nunca pratiquei (...) troca de parceiro. Gostaria de deixar isso claro", disse a mulher.

E diante do "senhor P.", de quem se está a divorciar e que a ouviu de cabeça baixa, acrescentou: "Sou como um boxer que desmaia e toda as vezes tem de se levantar".

Os acusados podem ser condenados até 20 anos de prisão neste julgamento, que deve durar até ao final de dezembro.

O primeiro interrogatório dos principais acusados está marcado para a próxima semana.