720 euros por dez lugares na zona histórica de Lisboa. O negócio parece bastante vantajoso, tendo em conta que nas zonas mais centrais da capital, a diária para um carro pode ir para lá dos quinze euros em parques privados. Pagar cerca de 2,40 euros (por dia, por carro) é das melhores pechinchas do estacionamento lisboeta.
Todavia, a relação difícil de Madonna (ou dos vizinhos de Madonna) com o estacionamento perto de casa não é um exclusivo de Lisboa. No historial de problemas com estacionamento surge Nova Iorque, cidade norte-americana com mais de 8,6 milhões de habitantes (no município de Lisboa vivem pouco mais de 505 mil pessoas).
Março de 2016. Nas redes sociais, Madonna criticava os vizinhos de Nova Iorque: “Sim, cabras, eu sou a Madonna e essa é a minha entrada [para o estacionamento de casa], e se as pessoas estacionam à frente dela não posso conduzir na minha entrada. Lamento que o município não goste do amarelo! Vamos pintar [o lancil] com um bonito e aborrecido cinzento para manter os nossos vizinhos felizes! Peço desculpa! Vou rezar três Avé-Marias extra nesta Páscoa pela transgressão”, escrevia na altura.
A mensagem era a reação a uma reportagem do tablóide britânico ‘Daily Mail’, que dava voz à denúncia de um vizinho nova-iorquino da artista. Madonna mandou instalar placas e pintou o lancil com uma linha amarela, a indicar zona de estacionamento proibido, numa parte do passeio diante do portão da mansão de 40 milhões de dólares (cerca de 34 milhões de euros).
Na altura, fontes do Departamento de Transportes da cidade norte-americana explicavam ao jornal que pintar e escrever no lancil poderia ser uma ação ilegal, segundo as leis que proíbem o vandalismo da propriedade do município, seja com pinturas ou impressões.
Um porta-voz do organismo adiantava também que a sinalética que a artista mandou espalhar pela zona era ilegal e que Madonna fora notificada para as retirar.
A denúncia foi feita pelos vizinhos, que achavam que a artista estava a ser beneficiada em relação a eles.
O semanário ‘Expresso’ avança na edição deste sábado que a câmara municipal de Lisboa cedeu um terreno para a equipa da cantora estacionar uma frota de dez veículos, enquanto decorrem as obras na rua onde a artista norte-americana reside.
Depois das obras, o terreno será arrendado por 720 euros mensais. Fazendo as contas, o estacionamento para cada um dos dez carros rondará os 2,40 euros, explicou entretanto a autarquia.
O ‘Expresso’ diz que a intenção inicial do executivo liderado por Fernando Medina (PS) era que a frota de Madonna ficasse estacionada no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). Mas o diretor daquele espaço museológico negou a cedência. António Filipe Pimentel explica ao semanário que o MNAA não tem espaço. “Aliás”, acrescenta, “já temos dificuldades com as cargas e descargas do museu. Diríamos não até a um pedido do Papa”.
Pimentel diz que se trata de “um pedido extravagante”, mas lá sugeriu um terreno camarário, nas traseiras do Palacete Pombal, propriedade do município.
A solução tem funcionado. “O objetivo deste acordo precário é evitar perturbações e transtornos no trânsito local, numa artéria estreita mas bastante movimentada, que a entrada e saída de veículos das obras certamente traria para a zona”, disse ao ‘Expresso’ uma fonte oficial da câmara não identificada pelo semanário.
Entretanto, Fernando Medina prometeu apresentar esta segunda-feira o contrato de cedência do espaço na rua das Janelas Verdes à cantora de 59 anos.
O parque de 309 metros quadrados tem capacidade para aproximadamente dez carros, segundo contas oficiais divulgadas este domingo. A renda foi calculada segundo o “previsto na Tabela de Preços e Outras Receitas Municipais, que põe cada metro quadrado a valer 2,40 euros, explicava a autarquia ao ‘Expresso’ este domingo.
[Notícia corrigida às 15:30 — retifica o valor da casa de Madonna em Nova Iorque, que foi de 40 milhões de dólares, em 2009, e não 40 mil dólares, como se lia numa versão anterior deste texto]
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