"Agora percebo por que ganhámos a Grande Guerra Patriótica", disse Putin, referindo-se à Segunda Guerra Mundial, acrescentando: "É impossível derrotar uma nação com este tipo de atitude. Na altura, éramos absolutamente invencíveis e agora somos iguais."
Putin falou com um grupo de 30 alunos de alto desempenho que foram selecionados para participar numa palestra chamada “Conversas Importantes” com o presidente russo.
As “Conversas” começaram pouco depois do início da chamada “Operação Especial” contra a Ucrânia, numa tentativa de aumentar o sentimento patriótico pela nação russa.
Estas “aulas” de patriotismo combinam o revisionismo da Segunda Guerra Mundial com os valores russos e a narrativa do Kremlin sobre as operações militares de Moscovo que visam "proteger" compatriotas na Ucrânia.
O Presidente russo relatou aos estudantes o conteúdo de cartas trocadas entre o pai, que combateu na frente, e o avô.
Putin disse ter ficado impressionado com a determinação do avô, que depois de ter perdido a mulher, morta na guerra, ordenou ao filho: "Derrota esses bastardos!".
"Estes são os nossos valores. Porque não cuidar deles? São a base da nossa existência, da nossa vida", disse Putin.
"E hoje em dia, famílias como esta constituem a esmagadora maioria" da população da Federação Russa, acrescentou.
Moscovo descreve a guerra contra o país vizinho como uma luta existencial, acusando o poder ucraniano de estar nas mãos de neonazis antirrussos ao serviço de um Ocidente determinado a destruir a Rússia.
O ano letivo ficou também marcado pela introdução de um novo manual de História no ensino secundário com a versão de Putin sobre a invasão da Ucrânia por tropas russas em 24 de fevereiro de 2022.
O manual inclui um mapa da Rússia com as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, anexadas há um ano.
Durante a palestra desta sexta-feira, Putin afirmou que a Rússia procura "garantir a segurança" nas quatro regiões ucranianas que o Kremlin diz ter anexado no ano passado, mas sem as controlar totalmente.
Putin descreve as quatro regiões e a Crimeia, anexada em 2014, como territórios historicamente russos que nunca deveriam ter feito parte da Ucrânia.
O líder russo descreveu aos adolescentes as pessoas das "novas regiões" anexadas como "muito talentosas, trabalhadoras, enérgicas".
"Ninguém está de mão estendida, todos estão prontos para trabalhar, só é preciso criar condições", referiu.
Disse que "as pessoas nas novas regiões" veem o empenho da Rússia em proporcionar-lhes "coisas elementares que foram esquecidas pelas autoridades anteriores", numa referência à Ucrânia.
"Só precisamos de recuperar o atraso, chegar ao nível médio russo. A culpa não é das pessoas que vivem nesses territórios", acrescentou, citado pela agência russa TASS.
Por toda a Rússia, crianças em idade escolar são encorajadas a escrever cartas aos soldados russos destacados na linha da frente na Ucrânia, bem como produzir redes de camuflagem e velas para os soldados utilizarem nas trincheiras.
No ano passado, e no âmbito destas “Conversas Importantes”, Putin esteve no enclave russo de Kaliningrado, para o início do ano escolar, onde repetiu a retórica, dizendo que Moscovo enviou tropas para a Ucrânia para "proteger a Rússia".
Em junho, Kiev lançou a contra-ofensiva há muito esperada, mas reconheceu que as batalhas têm sido difíceis, enquanto luta para quebrar as posições russas que estão bastante fortificadas.
*com Lusa
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