Esta manhã, lembrava-se da hora a que tinha chegado ao denominado teatro de operações – o local do incêndio -, mas ainda não sabia quando deixava o serviço.

O incêndio florestal que deflagrou perto das 17:00 no Zambujeiro, na freguesia de Alcabideche, no concelho de Cascais, foi dado como dominado pelas 04:00, mas os bombeiros mantém-se hoje no terreno de prevenção e em operações de rescaldo.

Pedro Henriques estava em Alvide, logo à saída da Autoestrada de Cascais (A5), quando a Lusa encontrou os primeiros carros de bombeiros de diferentes pontos do distrito de Lisboa, como Ajuda, Lourinhã, Torres Vedras, Merceana, Beato e Penha de França, e Caneças.

“Fui mobilizado perto das 19:00 e cheguei aqui talvez 40 minutos depois”, começou por contar o voluntário de Caneças (concelho de Odivelas), que é também o único bombeiro voluntário funcionário da Assembleia da República.

Habitualmente anda de fato e gravata a dar apoio às comissões parlamentares, mas quando é mobilizado para serviço troca de ‘farda’: “Cada uma com o seu peso institucional.”

“É um orgulho trabalhar na Assembleia da República e ser bombeiro. É o sentido de dever, que já me tem causado alguns dissabores familiares”, contou, com alguma emoção.

Voluntário desde 2001, Pedro Henriques encontrou um “cenário assustador” quando chegou a Alvide, sobretudo pela proximidade do fogo às casas.

“A velocidade dos ventos era muito intensa, não facilitou o trabalho, mas, apesar da necessidade de todos os meios e reforços, conseguimos”, frisou, lembrando que proteger as habitações era o ponto principal.

O terreno, com vales encaixados e uma orografia “muito particular”, levou a que o trabalho dos operacionais fosse mais difícil. O perigo, referiu, “está sempre iminente quando há aglomerados habitacionais por perto”.

Mantendo-se junto à Quinta Pedagógica Armando Villar, sem conhecer ainda as horas a que iria ser rendido, Pedro sabia já que na quinta-feira estará de regresso ao parlamento, até ser novamente chamado para a ação.

Na terça-feira, com a força do vento, as chamas encaminharam-se para uma densa malha urbana, sem chegar, contudo, a queimar casas ou outro edificado.

Ainda assim, por precaução, foram retirados de casa residentes de zonas como Zambujeiro, Cabreiro e Murches. O incêndio foi dado como dominado pelas 04:00, mas no terreno permanecem perto de 500 operacionais.

“As operações estão a decorrer conforme planeado, com a consolidação do rescaldo em todo o perímetro do incêndio”, referiu hoje o comandante regional de Emergência e Proteção Civil de Lisboa e Vale do Tejo, Elísio Oliveira, num ‘briefing’ às 11:00.

O comandante sublinhou não haver focos de incêndio ativos, mas “alguns pontos quentes” a que as autoridades estão a dar atenção.

Segundo o representante, os operacionais têm estado a ser rendidos e não há estradas cortadas.