A Academia anunciou esta sexta-feira a decisão de adiar a atribuição do Prémio Nobel da Literatura de 2018. Este ficará a ser conhecido só no próximo ano, a par do laureado de 2019. A decisão justifica-se, segundo a academia, por falta de confiança pública na sequência do escândalo de assédio sexual que atingiu a instituição.

O escândalo rebentou em novembro quando o jornal Dagens Nyheter publicou a denúncia anónima de 18 mulheres, sobre abusos e agressões sexuais, contra o dramaturgo Jean-Claude Arnault, ligado à academia através do seu clube literário e marido de um dos seus membros, Katarina Frostenson.

A academia cortou todas as ligações a Arnault e encomendou uma auditoria independente sobre as suas relações com a instituição, mas divergências internas quanto às medidas a adotar desencadearam demissões, acusações e saídas de vários membros, entre os quais a secretária permanente em exercício, Sara Danius, e Katarina Frostenson. Todavia, até agora, as renúncias são simbólicas, porque a pertença à academia é vitalícia e só são eleitos novos membros quando vaga alguma cadeira por morte do respetivo ocupante.

Na sequência deste escândalo, no passado dia 25 de abril, o presidente da Fundação Nobel, Carl-Henrik Heldin, admitiu à televisão pública sueca SVT que a Academia Sueca poderia não atribuir este ano o prémio Nobel da Literatura, o que se vem agora confirmar.

O Nobel da Literatura, atualmente no valor de nove milhões de coroas suecas (863.000 euros) foi, tal como os das restantes categorias, seis vezes não atribuído durante as guerras mundiais do século passado – em 1914 e 1918, e depois em 1940, 1941, 1942 e 1943. Em 1935 não foi atribuído porque não se encontrou um candidato à altura da distinção.

A Academia Sueca foi fundada em 1786 pelo rei Gustavo III e atribuiu pela primeira vez o Nobel da Literatura em 1901, ao poeta francês Sully Prudhomme.