Na pergunta dirigida a Pedro Nuno Santos, o deputado único João Cotrim Figueiredo refere que “a Infraestruturas de Portugal tinha-se comprometido em 2018, na sequência de outro acidente grave, a instalar um sistema de controlo automático, o que nunca veio a fazer” e que o Governo “revogou o reforço de 100 técnicos para o Instituto de Mobilidade Terrestre [IMT] que teriam como missão fiscalizar a segurança do setor ferroviário”.

“Neste momento só existem quatro fiscalizadores para toda a ferrovia portuguesa”, salienta, indicando que o IMT exigiu “que sejam tomadas medidas com ‘urgência’ para prevenir acidentes ferroviários e impediu a Infraestruturas de Portugal de continuar com a circulação de veículos como o que provocou o acidente de Soure, como era sua intenção”.

Para o presidente da Iniciativa Liberal, “todas estas informações apontam para uma gestão governamental das matérias de circulação ferroviária que não garante a segurança dos seus passageiros e expõem os danos que a governação socialista causaram à ferrovia portuguesa nos últimos anos”.

“Não há quem assuma integralmente as suas responsabilidades e as das empresas que tutela. Nem quem garanta a adoção com caráter de urgência todas as mediadas necessárias para assegurar a segurança dos portugueses que escolhem o comboio para as suas deslocações”, acrescenta.

João Cotrim Figueiredo critica igualmente que “a extrema gravidade deste desastre ferroviário, que poderia ter originado consequências ainda mais dramáticas, não se compadece com declarações vazias e de circunstância sobre a necessidade de averiguar os factos”.

Na texto, o deputado único deixa quatro questões ao ministro das Infraestruturas, entre as quais “por que razão, existindo análises de risco que alertavam para situações como esta, não se procuraram medidas preventivas” e porque “não foram consideradas e implementadas medidas como proibição de circular exceto a reboque ou acompanhadas por maquinistas, como já foram em tempos”.

“Em que ponto está o desenvolvimento de um sistema simplificado para estes veículos, e porque é que, até hoje, esse projeto não foi implementado?” e “por que razão foi revogada a decisão de reforçar com 100 técnicos o quadro do IMT”, questiona ainda a IL.

O descarrilamento do comboio Alfa Pendular, no concelho de Soure, distrito de Coimbra, com 212 passageiros, provocou no dia 31 de julho dois mortos, oito feridos graves e 36 feridos ligeiros.

Dos 44 feridos, quatro tiveram alta no local, 28 foram transportados para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, incluindo três crianças, e 12 foram assistidos no Hospital da Figueira da Foz.

Quase todos os feridos já tiveram alta hospitalar, à exceção do maquinista, que permanece internado em Coimbra.

O comboio seguia no sentido sul-norte com destino a Braga e o descarrilamento ocorreu após o embate entre o Alfa Pendular e uma máquina de trabalho, perto da vila de Soure, junto à localidade de Matas.

Segundo uma nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), a que a agência Lusa teve acesso, o veículo de conservação de catenária, no qual seguiam duas pessoas - as duas vítimas mortais -, passou um sinal vermelho e entrou na Linha do Norte, tendo sido abalroado pelo comboio Alfa Pendular.

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