“A morte de tantas pessoas em escolas transformadas em abrigos, centenas de pessoas que fugiram do hospital de al-Shifa para salvar as suas vidas, enquanto milhares de outras continuam a ser deslocadas no sul de Gaza, são ações que vão contra as proteções básicas que o direito internacional deve conceder aos civis”, alertou Türk, num comunicado.

Estas declarações surgem numa altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) procura retirar os últimos doentes do hospital de al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, que considera ter-se tornado uma “zona de morte”.

O movimento islamita palestiniano Hamas afirmou também no sábado que os ataques israelitas ao campo de refugiados de Jabaliya, gerido pela ONU, no norte do território, mataram mais de 80 pessoas, incluindo pelo menos 50 numa escola que alberga pessoas deslocadas.

O Presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering, considerou “horríveis” as imagens apresentadas do ataque israelita à escola de al-Fakhoura, gerida pela ONU no campo de Jabaliya, que “mostram claramente um grande número de mulheres, crianças e homens gravemente feridos ou mortos”.

De acordo com Türk, pelo menos três outras escolas que albergam pessoas deslocadas foram atacadas nas últimas 48 horas.

“A dor, o horror e o medo nos rostos das crianças, das mulheres e dos homens são demasiado grandes para suportar”, afirmou.

“A humanidade deve estar em primeiro lugar”, continuou, sublinhando a necessidade absoluta de um cessar-fogo “agora”.

Em 07 de outubro, o movimento islamita Hamas desencadeou um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como terrorista pela UE e pelos Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.

Desde 07 de outubro, de acordo com as autoridades israelitas, foram mortas 1.200 pessoas, na sua maioria civis, no âmbito deste conflito.

Por outro lado, os bombardeamentos israelitas por ar, terra e mar causaram entre 16 mil e 12 mil mortos, na maioria civis, na Faixa de Gaza, de acordo com dados do Hamas.

A ONU indicou que mais de dois terços dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra, tendo a maior parte fugido para sul.