Trata-se de um “acordo que foi assinado à revelia de tudo aquilo que os motoristas pretendiam. O país está em estado de crise energética porque os motoristas têm-se revoltado e têm reclamado condições que não são aquelas que estão no acordo, e a Antram e a Fectrans resolveram celebrar um acordo contra a vontade dos motoristas”, disse Pedro Pardal Henriques à comunicação social em Aveiras de Cima, distrito de Lisboa.
A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) e a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), afeta à CGTP, assinaram na quarta-feira à noite um acordo relativo ao contrato coletivo de trabalho numa reunião no Ministério das Infraestruturas e da Habitação, em Lisboa.
O coordenador nacional da Fectrans, José Manuel Oliveira, disse que o acordo resolve algumas das “questões nucleares” dos trabalhadores, prevendo aumentos salariais de pelo menos 120 euros.
O vice-presidente da Antram Pedro Polónio afirmou que o acordo agora assinado permite “concretizar, de uma forma um pouco mais fina, aquilo que tinham sido as grandes questões que ficaram acordadas em maio”.
Para o porta-voz do SNMMP, “a Fectrans deveria representar a vontade dos sócios e não foi aquilo que aconteceu”.
“Fez aquilo que os dirigentes assim o entenderam e, ainda por cima, patrocinado, com pompa e circunstância, pelo ministério, que saiu para anunciar o acordo histórico”, declarou.
Sobre o desafio feito à Antram para uma reunião hoje à tarde, Pardal Henriques disse que estará às 15:00, na Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), em Lisboa, a aguardar que a associação tenha a coragem de falar com o SNMMP.
Pedro Polónio disse que a Antram não participará na reunião, alegando que a Antram não negoceia enquanto durar a greve dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias.
“É fácil dizer que não está presente quando atrás de nós temos um Governo, temos as Forças Armadas que tudo fazem para impedir [a greve], temos as forças policiais (…), temos ministros a anunciar que se estas pessoas manifestarem o direito à greve podem incorrer na pena de prisão até dois anos”, comentou Pardal Henriques.
“Está protegido pelo Governo, está protegido pelas forças que deveriam estar a servir o país e que, em vez de estarem a servir o país, estão a proteger o poder económico e os interesses do Governo, é fácil dizer ‘eu não vou sentar com vocês, vocês só se sentam comigo se eu quiser e vocês têm de desconvocar a greve'”, acrescentou.
Os motoristas de matérias perigosas e de mercadorias cumpriram na quarta-feira o terceiro dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.
Segundo Pardal Henriques, a greve é para manter.
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