No final de outubro de 1991, após a Guerra do Golfo, em que Israel e os países árabes alinharam-se contra o Iraque e, enquanto a Intifada palestiniana estava no seu auge, celebra-se uma conferência de paz israelo-árabe em Madrid.

Patrocinada por Washington e por Moscovo, pela primeira vez israelitas e palestinianos sentam-se à mesa das negociações. Os palestinianos comparecem numa delegação conjunta com a Jordânia, já que Israel rejeitava a participação direta da OLP.

Uma série de negociações bilaterais e multilaterais seguiu-se durante meses, em vários países, sem progressos reais, até que se travassem conversas secretas desde o início de 1993 em Oslo.

Sem os flashes fotográficos

Em janeiro de 1993, Israel revogou uma lei de 1986 que proibia qualquer contato com a OLP. Desse mês até agosto, a Noruega é palco de, pelo menos, menos 14 reuniões secretas.

Em 27 de agosto, citando funcionários israelitas e palestinianos, a AFP revela que Israel negocia secretamente com a OLP para alcançar um acordo sobre um regime de autonomia que começaria na Faixa de Gaza e Jericó (Cisjordânia ocupada).

Para cumprir bem a sua missão, o governo de Oslo, representado em particular pelo seu então ministro das Relações Exteriores, Johan Joergen Holst, apoia-se nos seus contactos de velha data com Arafat e com os estreitos laços entre o Partido Trabalhista norueguês, no poder.

"Gaza e Jericó primeiro"

Em 29 de agosto, Israel anuncia um acordo, em linhas gerais, sobre uma autonomia palestiniana interina, que começa com a Faixa de Gaza e com uma pequena parte da Cisjordânia ocupada, no entorno de Jericó.

Em 10 de setembro, Israel reconhece a OLP como "representante do povo palestiniano" e, no dia 13, firma-se em Washington uma "Declaração de princípios sobre acordos interinos de autonomia" por cinco anos.

"O Governo do Estado de Israel e a equipa da OLP (...), representando o povo palestiniano, concordam que é hora de pôr fim a décadas de confronto e conflito, reconhecer os seus direitos legítimos e políticos mútuos, esforçar-se para viver uma coexistência pacífica (...) e alcançar um acordo de paz justo, global e duradouro", diz a introdução ao texto.

O acordo está assinado pelos dois principais artífices das negociações secretas, Shimon Peres e um alto funcionário da OLP, Mahmud Abbas, mais conhecido como Abu Mazen.

Aperto de mãos histórico

Os heróis são, porém, Yasser Arafat e Yitzhak Rabin.

No jardim da Casa Branca, os outrora inimigos encontram-se e, sob o olhar do presidente Bill Clinton, Arafat estende a mão a Rabin. Este hesita por momentos antes de fazer o mesmo e selar um histórico aperto de mãos.

Acordos de Oslo
créditos: AFP PHOTO / J.DAVID AKE

A cerimónia durou uma hora, na presença de cerca de 3.000 pessoas. O espírito é de emoção e esperança.

Pela primeira vez, Israel e a OLP assinam um acordo que cria a esperança de uma paz global no Médio Oriente, após 45 anos de conflito, apesar das críticas dos opositores de ambas as partes e de alguns países árabes.

Em ponto morto

Em 4 de maio de 1994, Arafat e Rabin lançam o período transitório de autonomia. Em julho, o líder da OLP retorna aos territórios palestinianos depois de 27 anos no exílio e estabelece a Autoridade Nacional Palestiniana.

Em setembro de 1995, firma-se, em Washington, um novo acordo interino (Oslo II) que estende a autonomia na Cisjordânia.

Em 4 de novembro, porém, Yitzhak Rabin é assassinado por um judeu ortodoxo de extrema direita, com o objetivo declarado de fazer o processo de Oslo fracassar. Já Arafat torna-se o bode expiatório dos israelitas, que o responsabilizam pela Segunda Intifada deflagrada no final de setembro de 2000.

Mediadas pelos EUA, as últimas negociações diretas foram retomadas em julho de 2013, depois de três anos de congelamento. Passados nove meses, terminam sem sucesso.

Em fevereiro de 2017, o presidente Donald Trump afasta-se da solução de dois Estados para depois reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Desde então, os palestinianos negam a Washington qualquer papel de mediador.

Oslo deveria abrir caminho para um Estado palestiniano, mas a Cisjordânia, ainda ocupada, e a Faixa de Gaza, nas mãos do movimento islamista Hamas, sofre um bloqueio total por parte de Israel, enquanto as colónias israelitas ganham terreno.

* Por Antoinette Chalaby-Moualla/AFP