BE diz que nomeação de Bolieiro é “legítima” mas PSD “abdicou dos seus princípios”

O líder do BE/Açores afirmou hoje que a indigitação de José Manuel Bolieiro como presidente do Governo Regional é “legítima”, mas lamenta que o PSD tenham abdicado “dos seus princípios” para “chegar ao poder”.

A indigitação do líder do PSD, José Manuel Bolieiro, é uma “decisão naturalmente legítima do representante da República”, declarou à Lusa António Lima, coordenador regional do Bloco de Esquerda, acrescentando que, "tendo em conta a aritmética parlamentar, o conjunto de forças que foram eleitas, a opção para um governo de direita era bastante provável que surgisse".

O bloquista diz, no entanto, que o que não esperava “era que o PSD abdicasse de muitos dos seus princípios para fazer um acordo escrito com o Chega, abdicando de um historial de um partido com valores humanistas, e que tivesse abdicado desses princípios para chegar ao poder”.

Ainda assim, o deputado garante que o “Bloco de Esquerda participará nesta legislatura, fazendo aquilo que se comprometeu a fazer, lutando por uma região mais justa, mais solidária, que tenha atenção às desigualdades sociais da região, que melhore os serviços públicos”.

O partido prepara-se para “continuar a lutar”, mas não acredita “que este governo tenha soluções para os grandes problemas que a região enfrenta”.

Assume-se, por isso, como “a oposição a este governo, frontalmente, a um governo que é apoiado por um partido que tem princípios antidemocráticos”.

Chega garante "direita unida" para melhorar vida dos açorianos

O presidente do Chega nos Açores, Carlos Furtado, valorizou hoje a indigitação do social-democrata José Manuel Bolieiro para futuro presidente do executivo regional, garantindo haver uma "direita unida" em defesa dos açorianos.

"Os tempos não serão fáceis, como sabemos todos, e é preciso que haja essa união", declarou à agência Lusa o líder regional do Chega.

Carlos Furtado citou uma música do brasileiro Roberto Carlos para dizer que, nos últimos dias, houve "erros, enganos talvez", mas as negociações para a viabilização de um governo de direita foram feitas "de coração".

"Nas eleições de 25 de outubro, houve mais 11 mil pessoas que foram votar [face a 2016], e nenhuma delas votou no PS", acredita o deputado recém-eleito, para quem o resultado eleitoral demonstrou que a direita precisava de "agir em conformidade" com o voto do povo.

PAN diz que vai estar "bem atento" ao próximo executivo regional

O deputado eleito do PAN no parlamento dos Açores, Pedro Neves, disse hoje que vai estar "bem atento" ao próximo executivo regional e, em concreto, a eventuais diplomas parlamentares com origem no Chega.

Afirmando não ter "qualquer problema" com um Governo Regional formado por PSD, CDS-PP e PPM, Pedro Neves reiterou que a "linha vermelha" do PAN "é apenas uma e continuará a ser apenas uma": a presença do Chega na esfera do poder, por via de um acordo parlamentar com os três partidos mais à direita que formarão governo.

"Estaremos bem a tentos e bem perto de um partido que achamos anti-democrático", prosseguiu o líder do PAN nos Açores, em declarações à agência Lusa.

Contudo, Pedro Neves afirmou que o partido não irá "chumbar tudo" sem saber o que está em causa, pelo que, "caso a caso" e "diploma a diploma", o PAN analisará as matérias em apreço.

Presidente do CDS espera que "ventos" na região anunciem fim de ciclo do PS no país

O líder do CDS-PP disse hoje esperar que os “ventos dos Açores” anunciem um fim de ciclo do PS e que os democratas-cristãos estejam disponíveis para alternativas à direita para governar Portugal.

“O que peço é que em vez de criticarmos o nosso próprio partido ou alegar sondagens que nós sempre contrariámos em urnas, como aconteceu nos Açores (…) , por favor destaquemos aquilo que o CDS está a fazer de bem - e que é tanto - e embalemos para o futuro, esperando que os ventos dos Açores anunciem este fim de ciclo do PS e que o CDS esteja disponível para alternativas à direita em Alternativa Democrática, em Aliança Democrática para governar Portugal”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos.

O líder centrista falava em Fátima, no distrito de Santarém, no encerramento do Conselho Nacional da Juventude Popular, antes de ser conhecido que o líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, foi hoje indigitado presidente do Governo Regional.

O presidente do CDS-PP destacou ainda que o partido mostrou-se “insubstituível e incontornável nos Açores para formar uma nova” Aliança Democrática (AD), “para governar, pela primeira vez na História, aquela região autónoma”.

“Já tivemos excelentes líderes do CDS, já tivemos fantásticos dirigentes nacionais, mas hoje, em 2020, com um ex-militante da Juventude Popular a presidir ao CDS nós conseguimos forjar uma AD para governar pela primeira vez os Açores”, adiantou, reconhecendo que o partido tem “enormes desafios pela frente”.

Dirigindo-se aos jovens centristas presentes, Francisco Rodrigues dos Santos destacou que o CDS é de “uma direita que não quer ser radical no protesto, porque agora existem outras forças e alguns dizem que são radicais de direita”.

“Não, não são radicais de direita, são radicais do protesto e da indignação que exploram o medo onde quer que ele haja, à esquerda, à direita ou ao centro, e utilizam um estilo, uma forma e um discurso que não está em consonância com as regras do tabuleiro institucional e de decência que o CDS habituou e nunca prescindiu delas”, declarou.

Sem mencionar a quem se referia, o dirigente democrata-cristão garantiu: “Nós não queremos ser iguais a eles, nós não somos iguais a eles”.

“Nós somos de uma direita decente, de uma direita de convicções, de uma direita intransigente nos valores em que acredita, mas não somos uma direita que está disponível para dizer tudo e o seu contrário, fazer todas as incoerências possíveis, subtrair à direita para fazer favores à esquerda, de uma direita que se faz passar por direita sem o ser, para depois de resultados eleitorais contados em urnas prejudicar alianças à direita para governar o nosso país”, acrescentou Francisco Rodrigues dos Santos.

Iniciativa Liberal anuncia acordo com PSD para viabilização de governo

A Iniciativa Liberal/Açores (IL) chegou a acordo com o PSD, o que “permitirá a viabilização” de um programa de governo a apresentar pela coligação liderada pelos sociais-democratas na Assembleia Regional, anunciou hoje o partido.

“A IL alcançou hoje o acordo do PSD com as suas propostas, que permitirá a viabilização do programa de governo a apresentar na Assembleia Legislativa dos Açores. Este acordo é marcado pela solidez e firmeza das propostas da IL”, afirmam os liberais, em comunicado de imprensa divulgado esta noite.

A redução fiscal e da burocracia, a reestruturação do Setor Público Empresarial Regional, a diminuição da despesa pública e a liberdade de escolha no sistema social tinham sido anunciadas como as condições da Iniciativa Liberal para aprovar um governo de direita na região.

Segundo o comunicado, as “propostas que constam do compromisso alcançado” pretendem “alterar o rumo das políticas seguidas na região ao longo das últimas duas décadas”, políticas, que, segundo os liberais, “conduziram a um conjunto de graves problemas sociais e económicos, transversais a toda a sociedade açoriana”.

“O acordo agora alcançado inclui o conjunto de propostas que a IL apresentou ao PSD e que considera fulcrais e estruturantes para a próxima legislatura e sem as quais não seria parceiro de viabilização governativa”, lê-se na nota de imprensa.

A IL/Açores assinala que as propostas foram “agregadas em dez compromissos”, tendo sido “devidamente calendarizadas”.

O partido realça que o acordo com o PSD “só foi alcançado” porque da parte da IL "houve abertura, resiliência, honestidade, responsabilidade” e um trabalho “profundo capaz de produzir medidas concretas” e “políticas calendarizadas no decurso da legislatura”.

A IL salienta que “será intransigente na concretização” das políticas apresentadas no acordo e reafirma que agora será inaugurado um “novo ciclo político”.

“Inaugura-se agora um novo ciclo político a que deve corresponder um novo modelo de governação, mais próximo das pessoas, mais transparente nos procedimentos, mais rigoroso na decisão e mais humilde na atitude democrática”, lê-se no comunicado.

PCP cola governação do PS ao surgimento de novo quadro político

O PCP nos Açores, que perdeu representação parlamentar nas eleições de 25 de outubro, considerou hoje que a indigitação do presidente do PSD para formar governo "não é separável" da governação do PS na região desde 1996.

"O surgimento deste novo quadro político institucional não é separável da governação do PS, da ausência de resposta aos problemas regionais e da arrogância no exercício do poder nestes 24 anos. Foi a sua política que abriu espaço a aproveitamentos por parte de quem escondeu os seus verdadeiros projetos e explorou demagogicamente a acumulação de problemas não resolvidos", consideram, em nota à imprensa, os comunistas, liderados nos Açores por Marco Varela.

Concorrendo com o partido ecologista Os Verdes, na coligação CDU, o PCP, que em 2016 tinha eleito um deputado, mas falhou igual objetivo nas eleições de outubro, diz-se "inquieto" quanto ao "futuro da vida política regional, e em particular no que diz respeito aos direitos, interesses e aspirações dos trabalhadores açorianos".

"Sem ilusões sobre o que representaria a governação do PS, agravada ainda pela ausência de representação parlamentar do PCP, a formação de um governo que associa numa frente política reacionária não só a direita, mas também a extrema-direita, é particularmente preocupante", lê-se ainda no texto enviado à imprensa.

PS diz que povo açoriano não conhece acordos firmados à direita

O dirigente do PS/Açores Francisco César lamentou hoje que o povo açoriano não conheça os acordos firmados à direita para a formação de um governo na região.

"Encaramos com muita preocupação a forma como isto foi apresentado", declarou hoje Francisco César, falando num debate promovido pela RTP/Açores a propósito da indigitação de José Manuel Bolieiro.

O PS, sustentou Francisco César, "é um partido democrático que aceita os resultados eleitorais quando tem uma maioria absoluta, quando perde as eleições e quando tem uma maioria relativa, como foi o caso" no sufrágio do final de outubro.

Contudo, e com a formação de um governo de direita, formado por PSD, CDS e PPM, e com acordos parlamentares com Chega e Iniciativa Liberal, há "algumas preocupações" dos socialistas, pese embora a "mensagem" transmitida pelo eleitorado, de perda de maioria absoluta, ter sido entendida.

"A interpretação é clara: foi dada uma mensagem ao PS de que o PS devia mudar a sua forma de governação e de governo", reconheceu César.

O dirigente reiterou preocupações com a maioria de direita apresentada ao representante da República, nomeadamente por esta assentar "num conjunto de acordos" privados.

"O povo açoriano não conhece estes acordos", insistiu.

O líder do PSD/Açores e presidente indigitado do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, assumiu hoje o compromisso de desenvolver um “novo paradigma” de governação, em concertação com outras forças políticas.

“Quero deixar aqui declarado o nosso respeito e humildade para, sob o ponto de vista do diálogo partidário, assumirmos esta responsabilidade da pluralidade e da concertação, bem também como, nas políticas públicas do governo, desenvolvermos um novo paradigma de governação”, afirmou.

Aliança congratula-se com “convergência dos partidos à direita”

O partido Aliança congratulou-se hoje pelo resultado das negociações entre os vários partidos de direita.

Em nota de imprensa enviada hoje, a direção política nacional do Aliança "congratula-se com o resultado das negociações entre os vários partidos com assento na Assembleia Legislativa dos Açores, permitindo a indigitação do dr. José Manuel Bolieiro para presidente do Governo Regional dos Açores”.

“Esta convergência dos partidos à direita do Partido Socialista reforça a pertinência de um entendimento nacional no mesmo sentido, que defendemos desde o nosso II Congresso, como forma de afastar os socialistas e os seus aliados da extrema-esquerda da governação, com os nefastos efeitos que se conhecem das suas medidas na vida diária dos portugueses”, prossegue o comunicado.

José Manuel Bolieiro indigitado presidente do Governo Regional

O anúncio de que José Manuel Bolieiro será o próximo presidente do Governo Regional dos Açores foi feito hoje por Pedro Catarino, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, no final do segundo dia de audições aos partidos com assento na nova Assembleia Legislativa Regional, que terá, pela primeira vez, oito forças políticas.

O PS venceu as eleições legislativas regionais, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.

O PSD foi a segunda força política mais votada, com 21 deputados, seguindo-se o CDS-PP, com três. Chega, BE e PPM elegeram dois deputados e Iniciativa Liberal (IL) e PAN um cada.

PSD, CDS-PP e PPM, que juntos têm 26 deputados, anunciaram esta semana uma coligação, mas necessitam de mais três mandatos para alcançar uma maioria absoluta. Ao final da manhã de hoje, após ser recebido pelo representante da República, o líder regional dos sociais-democratas disse que já existem acordos com Chega e IL.

A instalação da Assembleia Legislativa, que tem um total de 57 deputados, está marcada para 16 de novembro. Habitualmente, o Governo Regional toma posse, perante o parlamento, no dia seguinte.

Depois da tomada de posse, o programa do executivo terá de ser entregue na Assembleia Legislativa em 10 dias.