Em comunicado, a Acreditar, que está presente no São João desde 1994, refere que nos últimos anos tem assistido à degradação das condições físicas de alguns serviços, destacando-se o hospital de dia e o internamento, e tem procurado ajudar “a colmatar as deficiências, sempre na convicção de que as condições temporárias viriam a acabar, e as definitivas compensariam o tempo de espera”.
Dado o agravamento das condições, alguns pais denunciaram recentemente a situação no hospital, ressalvando, no entanto, a qualidade dos profissionais e a excelência do tratamento.
A Acreditar diz que falou com alguns desses pais, com a administração do Hospital de São João e procurou falar com outros responsáveis, para “avaliar em que medida poderia ajudar a construir as pontes necessárias, não só com vista a uma solução definitiva e de qualidade, como para assegurar que as condições intermédias sejam dignas e adequadas, como o merecem todas as crianças e jovens em tratamento”.
A associação refere que encontrou, da parte de todos os interlocutores, “uma genuína vontade de fazer melhor e uma grande preocupação por este grupo particularmente vulnerável. Contudo, não consegue vislumbrar uma solução rápida, consensual e de qualidade que permita tranquilizar os pais”.
Sublinha que “a última coisa que um pai ou uma mãe com um filho doente precisam é de uma situação provisória a acrescer às dificuldades logísticas já mencionadas e, neste momento, é a isso que a Acreditar assiste”.
“Tem, por isso, alguma dificuldade em entender porque não é apresentada uma solução definitiva para uma população que, apesar de ser muito específica e de ter uma doença muito grave, é relativamente pequena”, acrescenta.
Defende que “estes pais precisam e têm o direito à paz, condição essencial para poderem estar de corpo e alma ao lado dos filhos, sem desviar as forças para outras questões que não sejam a de acompanhar o seu filho doente, garantindo que este tem direito ao melhor tratamento”.
A Acreditar defende que tem de ser apresentada “uma solução definitiva com qualidade a estes pais” manifestando disponibilidade para “a construção de soluções, desde que estas tenham a criança ou jovem doente como prioridade única e absoluta”.
“Não amanhã, mas hoje, respeitando integralmente os direitos da criança oncológica, contidos, desde 2009, nos ‘Standards of Care for Children with Cancer’ (Padrões Europeus de Cuidados às Crianças com Cancro)”, acrescenta.
A falta de condições de atendimento e tratamento de crianças com doenças oncológicas foi denunciada por pais de crianças doentes que são atendidas em ambulatório e também na unidade do ‘Joãozinho', para onde as crianças são encaminhadas quando têm de ser internadas no Centro Hospitalar de São João.
O presidente do Hospital de São João já admitiu que as condições do atendimento pediátrico são "indignas" e "miseráveis", lamentando que a verba para a construção da nova unidade ainda não tenha sido desbloqueada.
“Há um protocolo assinado, temos um projeto pronto para entrar em execução e não temos o dinheiro libertado que torne possível a execução desse projeto”, afirmou António Oliveira e Silva.
Recentemente, o ministro da Saúde estimou que a nova ala pediátrica do Hospital de São João, no Porto, deve estar concluída e pronta para acolher as crianças daqui a cerca de dois anos, se não houver “nenhuma incidência no concurso público”, que arranca este ano.
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