O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, já disse que quer adiar o julgamento político de Trump para fevereiro, para dar tempo ao ex-Presidente para preparar a sua defesa, mas os democratas na Câmara de Representantes estão a pressionar para que o processo de ‘impeachment’ ocorra logo que seja possível.

Donald Trump foi o primeiro Presidente a ser alvo de processo de destituição por duas vezes no mesmo mandato, sendo acusado, desta vez, de “incitação à insurreição”, por causa do ataque ao Capitólio, por apoiantes seus, no dia 06 de janeiro.

“Os republicanos no Senado estão fortemente unidos à volta do princípio de que a instituição do Senado, o gabinete da Presidência e o próprio ex-Presidente Trump merecem um julgamento justo, que respeite os seus direitos e as sérias questões factuais, jurídicas e constitucionais em causa”, disse McConnell, num comunicado.

O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, não aceita que o julgamento político de Trump seja adiado para meados de fevereiro, mas já disse que está disponível para negociar com os republicanos um calendário que seja aceite por ambas as partes.

O adiamento do julgamento pode, ainda assim, agradar a alguns democratas, já que permitirá ao Senado concentrar-se, nos próximos dias, no processo de confirmação dos nomes para o novo Governo de Joe Biden, ao mesmo tempo que discute novos pacotes de ajuda económica para combater a pandemia de covid-19.

“Será em breve. Não penso que vá atrasar, mas temos que o fazer”, disse Pelosi, na quinta-feira, defendendo que Trump merece “um cartão para ir para a cadeira”.

Trump já começou a montar uma equipa jurídica de defesa, contratando o advogado Butch Bowers para o representar, de acordo com assessores do ex-Presidente.

Bowers serviu como advogado dos ex-governadores da Carolina do Sul, Nikke Haley e Mark Sanford, e foi indicado ao ex-Presidente pelo senador Lindsey Graham, um dos mais fiéis apoiantes de Trump.

Pelosi anunciou que irá reunir nos próximos dias com os nove senadores que se vão encarregar de conduzir os trabalhos do julgamento político de Trump.

A líder democrata na Câmara de Representantes, onde Trump viu aprovado o artigo de destituição, explicou que, neste processo de ‘impeachment’, e ao contrário do que sucedeu no primeiro, no início de 2020, o ex-Presidente não será investigado por conversa privadas, mas por atos públicos cometidos pelos seus apoiantes, quando invadiram o Capitólio.

“Desta vez, o mundo inteiro testemunhou o incitamento do Presidente”, disse Pelosi, dando a entender que o julgamento político de Trump poderá ser breve e conclusivo.

“Não precisamos que nos digam o que aconteceu. Nós estávamos a correr pelas escadas para escapar ao ataque”, acrescentou Dick Durbin, senador democrata, para se referir ao tumulto cuja inspiração é imputada diretamente a Donald Trump.

Para condenar o ex-Presidente, os democratas precisam do apoio de pelo menos 17 dos 50 senadores republicanos, para obter a maioria de 2/3 necessária.

Embora alguns senadores republicanos tenham mostrado abertura para apoiar a condenação de Trump, a maioria disse considerar que o processo de ‘impeachment’ causará divisão no país, questionando mesmo a legitimidade de julgar um Presidente que já não está em funções.