O julgamento decorre sob fortes medidas de segurança, porque os arguidos são considerados de perigosidade elevada.
Segundo a acusação, os assaltos decorreram entre março de 2019 e janeiro de 2020 e terão “rendido” mais de 375 mil euros.
Em causa estão seis assaltos a carrinhas de transporte de valores registados em Vila Nova de Famalicão (três), Guimarães, Matosinhos e Valongo, e quatro assaltos a comerciantes da comunidade chinesa instalada na zona industrial de Varziela, em Vila do Conde.
Estes últimos assaltos registaram-se em Braga (três) e um em Matosinhos e ocorreram quando aqueles comerciantes iam fazer depósitos bancários.
A acusação refere que, em inícios de 2019, três dos arguidos decidiram associar-se com o objetivo de procederem a assaltos, contando nessa tarefa com a “colaboração pontual” dos outros dois.
Diz ainda que aquele grupo criminoso se “especializou” em assaltos a viaturas blindadas de transporte de valores, sempre da empresa Esegur, quando os seus funcionários procediam a carregamentos de caixas ATM, e em assaltos a cidadãos chineses quando transportavam quantias em numerário, que supunham ser elevadas, para depósito em instituições bancárias.
No caso dos assaltos a carrinhas de valores, o Ministério Público refere que os arguidos “tinham acesso a informação privilegiada da empresa” em questão, sublinhando que só desse modo lhes era possível saberem antecipadamente o dia e local da deslocação das viaturas e que na caixa ATM em questão ia ser efetuado um carregamento em numerário e sempre pelo valor máximo, ou seja, 75 mil euros.
Para levarem a cabo os assaltos, os arguidos “costumavam estudar previamente os locais, observando em alguns casos durante largas horas as movimentações nessa zona e treinando possíveis formas de abordagem”.
No caso dos chineses, a acusação diz que os arguidos perceberam que os comerciantes daquela comunidade instalada na zona industrial de Varziela se deslocavam, com regularidade, a instituições bancárias de cidades limítrofes (Braga ou Porto), levando com eles avultadas quantias em numerário que aí depositavam.
“Mais perceberam os arguidos que essa comunidade é extremamente fechada e algum desse dinheiro não teria proveniência declarada, razão pela qual esses cidadãos dificilmente denunciariam às autoridades os assaltos de que fossem vítimas ou depois não tinham interesse no prosseguimento dos processos criminais”, acrescenta o Ministério Público.
Os arguidos costumavam estudar as movimentações dos seus alvos de nacionalidade chinesa, tirando apontamentos sobre matrículas e outras anotações e seguindo-os por vezes até às instituições bancárias que frequentavam na cidade Braga ou no Grande Porto.
Um “modus operandi” que foi hoje confirmado, em tribunal, por um inspetor da Polícia Judiciária, que foi a primeira testemunha a ser ouvida.
Os arguidos atuavam armados e deslocavam-se em viaturas furtadas, que depois abandonavam e/ou incendiavam.
Normalmente, apunham matrículas falsas nas viaturas.
Além de roubo qualificado, os arguidos respondem ainda por crimes de furto, falsificação de documento, detenção de arma proibida e incêndios, explosões e outras condutas especialmente perigosas.
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