Os técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram hoje às 00:00 dois dias de greve nacional por falta de acordo com o Governo sobre matérias relativas às tabelas salariais, transições para nova carreira e sistema de avaliação.
Segundo o secretário-geral do SINTAP, José Abraão, a adesão à greve está entre os 80 e os 90%, esperando-se uma grande participação na manifestação de hoje à tarde por causa do descontentamento destes profissionais.
"Nos grandes hospitais, como o São José e o Santa Maria [em Lisboa], o S.João e o Santo António [no Porto], de norte a sul do país há uma grande adesão por parte dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, que ronda os 80 a 90% nestes primeiros turnos, porque as pessoas estão indignadas, cansadas... [estão] há 19 anos à espera de uma carreira que está criada há cerca de dois anos e falta regulamentar as transições e o que tem que ver com a definição da tabela salarial", explicou à agência Lusa José Abraão.
Reconhecendo que as consequências desta greve começarão a fazer-se sentir durante a manhã, quando começam a ser realizados os exames de diagnóstico que estavam marcados, José Abraão disse que esta greve servirá para que o Governo e os sindicatos possam aproximar posições sobretudo em matérias de abertura de concursos e progressão de carreiras.
O dirigente sindical lembrou que "cerca de 90% dos trabalhadores são colocados nas primeiras posições remuneratórias" na proposta que o Governo apresentou aos sindicatos e sublinhou que esta greve se destina "a que o Governo aproxime as suas posições e, no mínimo, confira aos técnicos superiores de diagnóstico um desenvolvimento indiciário igual ao dos técnicos superiores".
"Só assim fará sentido. Que não se cometa, nesta oportunidade de termos uma carreira, o erro de ela partir com injustiça, pois sendo ela uma carreira vertical, com várias categorias, não há nenhuma garantia de que serão abertos concursos para que se possa promover as pessoas", afirmou José Abraão, sublinhando: "Gente com 25 e 30 anos de carreira colocada nas primeiras posições reconhecer-se-á que é uma injustiça muito grande, pois os que os que entram agora em muitos casos ficam a ganhar o mesmo".
"Vai ser uma grande greve e as pessoas estão a deslocar-se para Lisboa, onde teremos logo a manifestação e iremos ao parlamento, onde será entregue uma carta à Assembleia da República para sensibilizar os deputados para a necessidade de olhar para esta carreira, que é fundamental no âmbito da saúde, e para que este problema possa ser definitivamente resolvido", acrescentou.
A greve foi convocada pelas quatro estruturas sindicais que representam os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, sendo que a paralisação deve afetar análises clínicas, meios complementares de diagnóstico e alguns tratamentos.
Os sindicatos alegam que a tabela salarial imposta pelo Governo faz com que cerca de 90% dos técnicos permaneçam na base da carreira toda a sua vida profissional. Além disso, dizem que o sistema de avaliação imposto prolonga a estagnação salarial por mais dez anos.
Argumentam ainda que o Governo violou o acordo firmado com os sindicatos, reduzindo a quota dos que atingem o topo da carreira em 50%.
A paralisação, que se prolonga até às 24:00 de sexta-feira, prevê o cumprimento de serviços mínimos, abrangendo tratamentos de quimioterapia e radioterapia ou os serviços de urgência.
A concentração está prevista para as 14:30 no Marquês de Pombal, em Lisboa, estando programado um desfile até à Assembleia da República.
[Notícia atualizada às 11:03]
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