Desde a sua fundação, em 2014, que o Livre tem como objetivo ser membro do Partido Verde Europeu, que atualmente só conta com uma força política portuguesa: o Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), que perdeu a representação na Assembleia da República em 2022.

No congresso que se vai realizar hoje e sábado em Viena, capital da Áustria, os delegados vão deliberar sobre um relatório elaborado pelo comité do Partido Verde Europeu que recomenda a adesão do Livre como membro de pleno direito desta força política europeia.

“Não havia em Portugal um partido verde europeu que tivesse, digamos, uma estratégia autónoma, que concorresse a eleições sozinho e que estivesse também bastante sintonizado com o Partido Verde Europeu no que diz respeito a todas as questões que são de integração europeia, de democratização do projeto europeu”, salientou à Lusa o porta-voz do Livre e deputado único na Assembleia da República, Rui Tavares, destacando que o relatório do comité dos Verdes Europeus é “francamente elogioso da trajetória que o Livre tem seguido”.

No documento, o comité dos Verdes Europeus faz um enquadramento da situação política atual, salientando que o Governo socialista tem atravessado vários “escândalos políticos” e resume o percurso do Livre, incluindo a polémica com a ex-deputada Joacine Katar Moreira, que surgiu devido a “uma falta de comunicação entre o partido e a deputada, que escalou para uma troca pública de acusações de ambos os lados”.

Apesar deste episódio, que levou o Livre a perder na altura a sua representação parlamentar, recuperada em 2022, o comité - que falou com várias entidades em Portugal no início de março no âmbito dos processos de adesão do Livre e do PAN - considera que o partido representado pelo historiador no parlamento tem tido “um padrão de crescimento estável desde a sua fundação” e tem como desafio nos próximos meses e anos trazer novas figuras para o espaço mediático, além de Rui Tavares.

Na opinião do deputado único, a principal vantagem desta adesão do Livre “é poder levar as ideias que são do sul da Europa, que são de uma esquerda verde que é feita a partir do sul, e que podem influenciar mais facilmente partidos, alguns dos quais estão no Governo, como o partido verde alemão, o austríaco, e outros”.

De acordo com o relatório desta estrutura dos Verdes Europeus, a perceção geral é a de que o Livre tem boas perspetivas para as próximas eleições europeias de 2024, “especialmente porque há muitos eleitores chateados com o Governo socialista”.

Questionado sobre objetivos eleitorais para 2024, Rui Tavares respondeu apenas que “o Livre tem de ter uma candidatura forte e tem de procurar eleger” .

“É nas europeias que os nossos concidadãos vão ter a oportunidade de fazer do Livre aquilo que muita gente na rua nos diz que quer: um Livre que não se contente com ser um partido pequeno”, afirmou.

O comité conclui que o Livre provou estar alinhado com os princípios e os valores dos Verdes Europeus e destaca o seu “dinamismo e ativismo” em matérias como o combate às alterações climáticas, justiça social, direitos humanos e direitos LGBTQI.

No congresso, em Viena, os delegados vão também votar uma recomendação do comité para que o Pessoas-Animais-Natureza (PAN) seja integrado no Partido Verde Europeu, mas com o estatuto de membro associado.

Numa nota enviada à imprensa, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou que esta reunião magna “é estratégica, não só porque se realiza um ano antes das eleições europeias de 2024, mas também porque sinaliza a adesão do PAN a esta família política que, mais do que qualquer outra, tem uma missão estratégica: pôr Europa no rumo da justiça social e climática”.

No relatório é referida a opinião do PEV sobre as duas adesões, considerando que tanto o Livre como o PAN “não são integralmente partidos ecologistas”.

Apesar de não estar a favor, o PEV informou os Verdes Europeus de que “não se vai opor ativamente” às duas adesões.