Na sua conta do Twitter, a mulher de Wang, Li Wenzu, indicou que esta manhã tinha recebido uma chamada de Wang que lhe indicou que tinha saído da prisão `as 5:00 locais (21:00 de sábado em Lisboa).
Wang, que foi detido em 2015, encontra-se atualmente em sua casa em Jinan (leste), para onde foi transferido pela polícia, que desalojou o inquilino que a tinha alugado para que o advogado pudesse ficar na mesma.
Por agora desconhecem-se mais pormenores sobre o estado de Wang ou sobre se será obrigado a ficar de quarentena em sua casa.
Esta semana, a organização Serviço Internacional de Direitos Humanos (ISHR) mostrou-se preocupada com a libertação do advogado por estar a ser “tudo menos incondicional”.
“Se Wang é libertado, a sua família espera que seja afastado à força da sua cidade, que o ponham longe das redes de apoio e dos diplomatas (estrangeiros) em Pequim e que lhe sejam restringidas gravemente as suas liberdades pessoais, incluindo a de movimento”, indicou a ISHR num comunicado.
A organização já temia que Wang fosse levado para Jinan apesar de antes da sua detenção viver e trabalhar na capital.
“Li Wenzu suspeita que a autoridade penitenciária está a ameaçar Wang de o levar para Shandong (província da qual Jinan é a capital) para impedir que a família esteja junta de novo”, referiu a ISHR.
A mulher de Wang apelou para que voltasse livremente: “Quanzhang deve voltar para Pequim para estar comigo e com o nosso filho. Tenho medo que o tratem como ao advogado Jiang Tianyong, que ainda está a ser sempre vigiado por agentes do Estado”.
Jiang, outro conhecido advogado dedicado à defesa dos direitos humanos na China, foi libertado em fevereiro de 2019 depois de cumprir uma pena por “incitar à subversão do Estado” mas desde então está em prisão domiciliária “de facto” em casa dos pais.
Wang Quanzhang foi detido em março de 2015 no âmbito da “Campanha 709″, iniciada en julho de 2015 pelo regime comunista contra escritórios de advogados especializados em casos de direitos humanos e que deteve um total de 250 advogados e ativistas, e era dos poucos que ainda estava preso.
Durante anos, o advogado tinha defendido em diversos casos grupos perseguidos pelas autoridades chinesas, desde membros do grupo espiritual Falun Gong (proibido na China desde 1999) até dissidentes e ativistas.
Desde que foi detido, a família não teve notícias do seu paradeiro até ao início de 2018, quando um advogado de confiança lhes indicou que estava vivo e sob custódia em Tianjin (norte), onde foi condenado em janeiro de 2019 a quatro anos e seis meses de prisão.
Segundo relatou a sua mulher depois de o ver pela primeira vez em quatro anos em 2019, Wang estava magro, com falta de memória, ansioso e assustado, enquanto nas visitas seguintes observou que ao marido lhe faltavam cada vez mais dentes.
Esta deterioração do estado de saúde deve-se, segundo a ISHR, a torturas durante enquanto esteve na prisão.
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