À saída do tribunal, após a sessão da tarde do primeiro dia do julgamento, na qual foram ouvidas várias testemunhas, Melo Alves adiantou aos jornalistas que Luís Pina irá prestar declarações para “esclarecer toda a verdade, tudo o que se passou”.
De manhã, o principal arguido do caso escusou-se a prestar declarações.
Em 16 de abril de 2018, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu levar a julgamento Luís Pina pelo homicídio do italiano Marco Ficini e por outros quatro tentativas de homicídio, enquanto outros 21 arguidos do processo são julgados pelos crimes de participação em rixa, dano com violência e omissão de auxílio.
Ficini, que pertencia à claque da Fiorentina 'O Club Settebello' e era adepto do Sporting, morreu após um atropelamento e fuga junto ao Estádio da Luz, na sequência de confrontos ocorridos entre adeptos das claques No Name Boys e Juventude Leonina, na madrugada de 22 de abril de 2017, horas antes de um jogo entre o Sporting e o Benfica.
“O depoimento [das testemunhas] não foi muito diferente daquele que já tinham prestado ao longo de todo o processo, vai na linha da defesa do meu constituinte”, explicou Melo Alves aos jornalistas junto ao tribunal, no Campus de Justiça.
O advogado reiterou que o seu constituinte “não atropelou intencionalmente” o adepto italiano, salientando ter-se tratado de “um acidente”.
Melo Alves salientou ainda a importância do depoimento dos três arguidos adeptos do Sporting que falaram durante a sessão da manhã, reafirmando que as suas declarações “são importantes para o esclarecimento da verdade material” do caso.
O advogado disse ainda “confiar no tribunal” e “aguardar serenamente” o desfecho, apesar de se mostrar “receoso” tendo em conta os pedidos, por parte da defesa de dois outros arguidos, a requerer a nulidade do julgamento.
Depois de ter sido adiado por três vezes – primeiro em 21 de novembro de 2018, depois em setembro de 2019 e por último em 15 de janeiro deste ano -, o julgamento teve hoje início no Campus da Justiça.
Os quatro arguidos do processo que quiseram prestar declarações em tribunal demarcaram-se dos incidentes ocorridos naquela madrugada.
O início da sessão da manhã ficou marcado pela apresentação de requerimentos por parte de dois advogados de defesa invocando a ilegalidade do julgamento, por dois arguidos não poderem estar presentes, dado estarem privados da liberdade no âmbito de outro processo, nomeadamente no ataque à academia do Sporting em Alcochete.
A pretensão não foi aceite nem pelo Ministério Público, nem pelo coletivo de juízes presidido por Francisco Henriques.
Questionado sobre o facto de dois arguidos terem dois julgamentos agendados à mesma hora em dois tribunais diferentes, Melo Alves apenas disse: “Alguém falhou”.
Na sessão da tarde foram ouvidas, entre outras, um morador que reside perto do Estádio da Luz e assistiu ao atropelamento, dois casais que foram parados por adeptos e o pai de um dos arguidos que testemunharam na sessão da manhã.
Além de Luís Pina, a juíza de instrução criminal Isabel Sesifredo decidiu levar a julgamento os restantes arguidos no processo: outros nove adeptos do Benfica com ligações à claque No Name Boys e 12 adeptos do Sporting da claque Juventude Leonina, nos exatos termos da acusação do Ministério Público (MP).
As próximas duas sessões estão agendadas para 11 e 18 de fevereiro (todo o dia).
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