Paulo Saragoça da Matta chegou às instalações do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), que funcionam nas instalações da antiga sede da Polícia Judiciária, em Lisboa, cerca das 10:15 e escusou-se a comentar se a prova indiciária contra o empresário madeirense assenta mais em prova documental ou em escutas telefónicas, alegando não dizer nada sobre isso porque o inquérito está em segredo de justiça.
Quanto à possibilidade de Joe Berardo, na qualidade de arguido, optar por prestar declarações ao juiz Carlos Alexandre ou remeter-se ao silêncio (uma prerrogativa dos arguidos), o advogado limitou-se a dizer "não sei", mantendo a incógnita e a dúvida sobre a estratégia da defesa que se irá desenrolar.
Questionado se previa que a inquirição de Berardo pelo juiz do TCIC Carlos Alexandre poderia terminar ainda na manhã de hoje, Paulo Saragoça da Matta respondeu: "acho que não, de forma nenhuma. É a ideia que tenho".
O advogado justificou que "há muita matéria [do processo] para ser vista", revelando que "ainda está a consultar os autos" do processo Caixa Geral de Depósitos (CGD), que levou à detenção do seu constituinte e do advogado de negócios do arguido, André Luiz Gomes.
Paulo Saragoça da Matta disse ainda desconhecer em que fase de andamento estarão as diligências relativas a André Luiz Gomes, cujo advogado de defesa, João Costa Andrade, chegou ao TCIC pelas 9:10, aparentemente para ser o primeiro a diligenciar com o juiz Carlos Alexandre sobre a matéria em causa.
Joe Berardo e André Luiz Gomes respondem pelos crimes de burla qualificada, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, falsidade informática, falsificação, abuso de confiança qualificada e descaminho ou destruição de objetos colocados sob o poder público.
O processo CGD, que está a ser investigado desde 2016, conta atualmente com 11 arguidos, dos quais seis são pessoas coletivas (sociedades/empresas) e cinco pessoas individuais, duas das quais ainda em detenção (Berardo e André Luiz Gomes).
Alguns órgãos de comunicação social avançaram na terça-feira que um dos arguidos é o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos Carlos Santos Ferreira.
O caso foi tornado público depois de uma operação em que foram feitas cerca de meia centena de buscas, 20 domiciliárias, 25 não domiciliárias, três a estabelecimentos bancários e uma a escritório de advogado.
Segundo comunicados da PJ e do DCIAP, nesta investigação, que decorre no âmbito do denominado processo Caixa Geral de Depósitos (CGD), existem suspeitas da prática de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal qualificada, branqueamento e, eventualmente, crimes cometidos no exercício de funções públicas.
A PJ esclareceu que se trata de um grupo "que entre 2006 e 2009 contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de euros" e que terá causado "um prejuízo de quase mil milhões de euros" à CGD, ao Novo Banco e ao BCP.
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