O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que a decisão definitiva sobre a localização do futuro aeroporto civil na Base Aérea do Montijo está condicionada à conclusão de um relatório sobre o impacto da migração de aves na zona, nomeadamente para a segurança migratória.

“Será necessário fazer estudos mais detalhados sobre os movimentos das aves: movimentos diários, sazonais e estudos que têm de ser feitos com recurso a ornitólogos e a equipamentos de radar que seguem os planos das aves. São estudos que certamente não existem atualmente e que têm de ser feitos”, explicou hoje à agência Lusa o diretor executivo da SPEA.

Domingos Leitão concorda que antes de se transformar a Base Aérea do Montijo em aeroporto civil deve ser feito um estudo de impacto ambiental para se perceber o impacto que a nova infraestrutura terá no ambiente, além de se desenvolverem estudos de viabilidade e do risco para a segurança aeronáutica, que a localização de um aeroporto naquele local pode acarretar.

“Se não for feito um estudo preciso e detalhado, preocupa-nos, mas como acreditamos que esse estudo vai ser feito, vamos aguardar pelos resultados”, disse o diretor executivo da SPEA.

O responsável da organização não-governamental de ambiente, que promove o estudo e a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal, entende que os estudos deveriam abranger, no mínimo, um ciclo anual.

“Temos de estudar o ciclo anual, porque isso varia consoante a altura do ano. Uma das alturas do ano melhor conhecida e em que se registam mais aves, que é pico do inverno, são os meses de dezembro, janeiro e até meados de fevereiro. Estamos a falar de duzentas mil a trezentas mil aves, variando de ano para ano. São valores muitíssimo elevados”, frisou Domingos Leitão.

O diretor executivo da SPEA refere que estas 200.000 a 300.000 aves aquáticas fazem parte dos grupos monitorizados, alertando para a existência de “milhares” de outras espécies que, no inverno, passam a noite no Estuário do Tejo e saem durante o dia para se alimentarem, as quais não são contabilizadas nas monitorizações que são feitas regularmente.

“São muitas aves e muitos movimentos ao longo do dia que têm de ser rigorosamente estudados para se tomar uma decisão consciente”, sustentou este responsável ambiental.

Contactada pela Lusa, a ANA – Aeroportos de Portugal, adquirida pela francesa Vinci, informou que vai custear o estudo de impacto ambiental, acrescentando “estar já em curso alguns destes estudos”.

Domingos Leitão admite que a SPEA, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, universidades ou outras entidades, possam ser chamadas a facultarem informação aos responsáveis pela realização deste estudo de impacte ambiental, mas deixa um aviso: “Independentemente dessas informações, é importante que a empresa escolhida esteja capacitada, técnica e humanamente, com ornitólogos e equipamentos para fazer um estudo desta natureza”.