Em comunicado, a autarquia lisboeta refere que já manifestou junto do Governo e ao presidente do Conselho de Representantes da Rede Internacional de Cidades Refúgio “total disponibilidade logística e financeira para a colaboração nestes esforços de apoio ao povo afegão, no contexto de uma resposta europeia que deve ser um exemplo de solidariedade e humanismo”.
“Esta situação responsabiliza-nos a todos a agir e a tomar medidas para defender aqueles que lutam em todo o mundo pela democracia e pela liberdade, no sentido de convocar todas as ações possíveis para apoiar os afegãos que no seu país apenas encontram um clima de medo e repressão e que procuram uma vida melhor”, realça a Câmara de Lisboa, liderada pelo socialista Fernando Medina.
Na nota de imprensa, a autarquia salienta ainda que “Lisboa é uma cidade comprometida com a defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão em todos os cantos do mundo”, considerando “chocantes” as imagens de Cabul, “onde os talibãs estão a retomar o poder”.
“Causa especial preocupação a situação das mulheres afegãs, neste novo quadro, e com caráter de especial urgência daquelas que mais se expuseram no espaço público nos últimos anos”, lê-se ainda na nota.
Portugal vai integrar a operação da União Europeia (UE) e da NATO para proteger cidadãos no Afeganistão e está disponível para receber afegãos, disse no domingo o ministro da Defesa, sublinhando que o Governo acompanha a situação "com grande preocupação" .
"Acompanhamos com grande preocupação" a situação no Afeganistão, onde os talibãs estão prestes a retomar o poder, disse João Gomes Cravinho à RTP.
"O nosso objetivo imediato é apoiar, criar condições para que possam sair do país em segurança os funcionários que trabalharam com a NATO, com a UE, com as Nações Unidas e, nessa matéria, Portugal participará evidentemente num esforço coletivo que se está agora a desenhar", disse o ministro.
João Gomes Cravinho referiu também que, "neste primeiro momento", o Governo português está "a dar conta às autoridades da UE, da NATO e das Nações Unidas" da sua "disponibilidade para apoiar, para receber afegãos em território português".
A chegada dos talibãs a Cabul no domingo precipitou a saída do país do Presidente afegão, Ashraf Ghani, após terem tomado o controlo de 28 das 34 capitais provinciais em dez dias, e sem grande resistência das forças de segurança governamentais, no âmbito de uma grande ofensiva iniciada em maio - altura em que começou a retirada das tropas norte-americanas e da NATO do país, que deverá ficar concluída no final deste mês.
Um porta-voz do movimento islâmico radical, que governou no Afeganistão entre 1996 e 2001, disse no domingo à televisão pública britânica BBC que os talibãs pretendem assumir o poder no Afeganistão "nos próximos dias", através de uma "transição pacífica", 20 anos após terem sido derrubados por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, pela sua recusa em entregar o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Hoje, numa mensagem de vídeo, o 'mullah' Baradar Akhund, chefe do gabinete político talibã no Qatar, fez a primeira declaração pública de um líder talibã após a conquista do país, anunciando o fim da guerra no Afeganistão, com a vitória dos talibãs, após a fuga no domingo do Presidente e a captura de Cabul.
Com a partida de Ghani, um grupo de líderes políticos formou o Conselho de Coordenação para a transição de poder para os talibãs, composto pelo ex-presidente afegão Hamid Karzai, o presidente do Alto Conselho para a Reconciliação, Abdullah Abdullah, e o líder do partido Hizb-e-Islami e antigo senhor da guerra, Gulbuddin Hekmatyar.
No entanto, os talibãs não forneceram, até agora, informações sobre como funcionará o processo de transição ou a tomada do poder.
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