Na última semana, metade das capitais de província afegãs (17 das 34) foram conquistadas pelos talibãs, que “têm uma longa história de abuso ou morte de civis que consideram ‘inimigos'”, alertou hoje Patricia Gossman, diretora da HRW Ásia, acrescentando que tanto os governos quanto as agências da Organização das Nações Unidas (ONU) “devem fornecer proteção e ajudar afegãos em risco e tornar o processamento de documentos de viagem e transporte uma prioridade”.

A organização defende que os governos estrangeiros presentes no Afeganistão “devem priorizar a emissão de vistos e ajudar a garantir a passagem segura de civis [afegãos] que os talibãs possam atacar por causa de seu trabalho ou estatuto anterior, juntamente com os seus familiares diretos”.

Entre os civis em perigo, a organização não-governamental aponta todos aqueles que trabalharam no país “para promover os direitos humanos, a democracia e a educação; académicos, escritores, jornalistas e outros profissionais de média” assim como pessoas que trabalharam em países estrangeiros, avança a agência de notícias espanhola, Efe.

A organização também entende que estão em maior perigo os “membros de minorias étnicas e muçulmanos xiitas, particularmente os hazaras”.

Além do apelo para que ajudem a sair do país quem corre risco de vida, a HRW apelou hoje aos governos que suspendam “imediatamente” todas as deportações e retornos forçados ao país, pois “os afegãos que fogem do Afeganistão devem ter oportunidades significativas de solicitar asilo”.

A organização apelou também às Nações Unidas e à ONU para aumentarem “a ajuda humanitária aos países vizinhos para os quais os afegãos estão fugindo e apoiar os países que os admitem” e para reforçar “o apoio para evacuação de emergência, realocação e operações de reassentamento para afegãos” em terceiros países.

A ofensiva dos talibãs no Afeganistão, que está a conquistar rapidamente os centros urbanos do país, já causou 3,3 milhões de deslocados no país, segundo dados avançados esta semana pela Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).

Desde maio, foram contabilizados 250 mil deslocados, dos quais 80% são mulheres e crianças, aos quais se somam mais 150 mil pessoas que tiveram que deixar as suas casas entre janeiro e maio, refere a ACNUR.