“A presidência eslovena convocou uma reunião extraordinária de ministros dos Assuntos Internos para discutir a situação no Afeganistão”, informou hoje o Conselho da UE em comunicado, numa altura em que se aproxima a data-limite de 31 de agosto (próxima terça-feira) para o fim da operação militar da coligação liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão e que atualmente já só se resume ao aeroporto de Cabul, cidade ocupada pelos talibãs há duas semanas.
Esta é uma altura de grande tensão entre os talibãs e as forças internacionais sobre o prazo para terminar a retirada de milhares de pessoas que se têm concentrado no aeroporto de Cabul desde a tomada de poder pelos rebeldes, em 15 de agosto.
Por estes dias, realizam-se também várias operações de retirada de refugiados afegãos e cidadãos e diplomatas europeus em Cabul, com a UE a querer evitar uma nova crise migratória com a chegada destas pessoas ao espaço comunitário.
O porta-voz da Comissão Europeia para a área da Justiça, Christian Wigand, disse hoje na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, que a UE está a trabalhar num plano abrangente para o Afeganistão que tem em conta as pessoas deslocadas internamente e a sua reinstalação.
Christian Wigand recordou ainda estar em curso, desde julho, um processo no fórum de reinstalação que reúne a UE, o Canadá e os Estados Unidos, no qual se espera que os países assumam compromissos até meados de setembro para acolherem refugiados e não apenas afegãos.
Também na ocasião, o porta-voz principal dos assuntos externos e da política de segurança da Comissão Europeia, Peter Stano, informou que a UE já só tem uma “equipa central muito pequena” de diplomatas em Cabul, no Afeganistão, que estará no terreno “o tempo necessário” para terminar as operações de retirada de civis, apesar do “ambiente pouco amigável”.
Quanto aos afegãos que trabalhavam no terreno para a UE, Peter Stano adiantou que “mais de 400, incluindo membros das suas famílias, foram retirados de Cabul em segurança”.
“E estamos a prosseguir os esforços de retirada porque ainda há algumas pessoas que querem sair”, concluiu.
Já antes, na terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pressionou os países da UE e o Parlamento Europeu para avanços no novo pacto migratório, proposto há um ano, de forma a “gerir eficazmente” as fronteiras europeias perante situações como do Afeganistão.
A posição foi manifestada após uma reunião por videoconferência dos líderes do G7, numa altura em que chegam à UE milhares de refugiados afegãos e em que vários países europeus (como Portugal) manifestaram disponibilidade de os receber, quase um ano após a Comissão Europeia ter apresentado a sua proposta de novo pacto em matéria de migração e asilo, sobre o qual ainda não se registaram consensos.
Nessa proposta, Bruxelas defendeu procedimentos mais eficazes e um novo equilíbrio entre responsabilidade e solidariedade em matéria de migrações.
A instituição propôs nomeadamente que, perante situações de crise e para evitar crises migratórias como a de 2015, haja uma reação mais rápida ao nível da UE através de um processo decisão acelerado sobre contribuições, havendo para tal um mecanismo de solidariedade centrado na recolocação e em regressos patrocinados e um mecanismo de correção.
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