Afeganistão: Tiroteio no aeroporto de Cabul provoca pelo menos um morto

Um tiroteio numa das portas de embarque do aeroporto internacional de Cabul vitimou pelo menos um soldado afegão esta manhã e deixou três feridos. A informação foi confirmada pelas forças armadas alemãs no local.

Wakil Kohsar / AFP

O tiroteio decorreu esta manhã no aeroporto internacional de Cabul e antepôs forças de segurança ocidentais e soldados afegãos a um grupo de homens armados não identificados, adianta a agência Reuters.

A informação foi adiantada pelas forças armadas alemãs, parte do contingente militar internacional destacado no aeroporto para permitir a fuga de milhares de afegãos e cidadãos estrangeiros do Afeganistão, depois da tomada do poder pelos talibãs.

Segundo os alemães, a escaramuça resultou num soldado afegão morto e três feridos na porta norte do aeroporto — o tiroteio contou com a participação de militares alemães e norte-americanos também.

A agência adianta que, ao passo que os talibãs têm soldados no exterior para conter o caos que se tem vindo a gerar junto ao aeroporto com o fluxo de pessoas que se tem dirigido, no interior ainda há soldados afegãos leais ao regime que caiu a auxiliar as forças norte-americanas.

Ainda não é claro o que provocou esta situação. A Reuters, citando a CNN, indica que foi um atirador posicionado fora do aeroporto a disparar sobre os soldados afegãos e que estes dispararam de volta — para piorar a confusão, forças dos EUA dispararam também sobre os aliados afegãos.

Já a Associated Press que refere que os talibãs enviaram tropas para o norte de Cabul para eliminar as bolsas de resistência que ainda existem na cidade, mas não indica se estes movimentos estão relacionados com o tiroteio no aeroporto.

A NATO já reagiu ao tiroteio, adiantando que a situação está sob controlo e que as portas do aeroporto foram fechadas.

Este episódio sucede-se à morte de sete afegãos esmagados no caos quando milhares se deslocavam-se para o aeroporto, soube-se este domingo.

O aeroporto tem sido o ponto de encontro de milhares de pessoas que tentam fugir aos talibãs, que invadiram Cabul há uma semana depois de um avanço relâmpago tomou o país, encontrando-se apinhadas enquanto tentam embarcar num dos aviões para deixar o país,.

Milhares de pessoas continuam a tentar sair do país através do aeroporto da capital. Joe Biden, o presidente dos EUA, disse ontem que desde dia 14 já foram retiradas 28.000 pessoas. O Presidente norte-americano tem sido alvo de críticas pela situação caótica nas operações de resgate.

O Pentágono ordenou o recurso, com caráter de emergência, a 18 aviões comerciais dos Estados Unidos para o transporte de afegãos retirados de Cabul.

No sábado, o ex-presidente Donald Trump acusou Biden de "incompetência grosseira" na "retirada falhada", elogiando os talibãs, que considerou "grandes negociadores" e "combatentes duros".

Foi sob a liderança de Trump que os EUA assinaram um acordo com os talibãs, em fevereiro de 2020, ao abrigo do qual Washington aceitou retirar as forças militares do Afeganistão.

Em troca, os talibãs comprometeram-se a encetar negociações de paz com o governo afegão, a abster-se de atacar as forças norte-americanas e os seus interesses no Afeganistão e a cortar todos os laços com a Al-Qaeda.

Os talibãs conquistaram Cabul no dia 15 de agosto, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.