"Achamos, da nossa análise, podendo eventualmente ter algum erro, que é possível uma frequência maior. Essa frequência maior seria de cerca de meia hora, ainda que não totalmente cadenciada, porque está muito dependente dos serviços que nós fizermos com a Linha do Norte", disse hoje aos jornalistas Pedro Moreira, presidente da CP - Comboios de Portugal.
O responsável falava a bordo da viagem de apresentação do Comboio Presidencial, que circulará na Linha do Douro a partir de março de 2024, mencionando que os dados que hoje tem lhe permitem melhorar a perspetiva de frequências anteriormente conhecida, que era de uma hora.
Na sexta-feira, no debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2024, o ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, já tinha dito que o objetivo do executivo é reabrir a linha a passageiros no próximo ano.
"O número de passageiros que estimamos (...) vai exigir uma frequência maior. Mesmo de meia em meia hora não será suficiente", assumiu hoje o presidente da CP.
O serviço da CP seria feito estendendo os comboios que atualmente vêm de Aveiro para a Linha de Leixões, combatendo assim a falta de material circulante que atualmente afeta a empresa ferroviária.
"Como sabem, a CP não tem comboio circulante novo, os comboios que fazem o serviço urbanos no Porto são 34 unidades, têm utilização muito intensiva", estando "no limite da utilização", pelo que a extensão dos serviços de Aveiro a Leixões seria "o segredo" para operar na circular ferroviária do Porto.
Quanto aos interfaces com o Metro do Porto, a CP ainda não está a dialogar diretamente com a empresa portuense, mas sim com a Câmara de Matosinhos, que serve como ponto de ligação entre todos os interesses envolvidos.
"Eles [CM Matosinhos] têm o intercâmbio com os outros operadores, de todas as outras redes, não só de metro mas todos os operadores locais de transporte. O que estamos a fazer é um projeto totalmente alinhado, que seja complementar, que crie mais uma solução de mobilidade, que seja conjugada com as restantes", defendeu Pedro Moreira.
O presidente da CP rejeita "um projeto concorrencial" ao Metro do Porto, já que quando se criam "melhores soluções de mobilidade, isso traz passageiros para todos os operadores".
"Quando as pessoas deixam o carro em casa, porque de facto lhes dão uma solução de mobilidade, provavelmente não vão utilizar um único operador", mas sim "alavancar" o transporte público e até criar "melhores condições do ponto de vista de mobilidade para aqueles que têm mesmo necessidade de trazer o carro para uma cidade", afirmou.
O presidente da Lionesa, Pedro Pinto, defendeu que a Linha de Leixões deveria ser reaberta a passageiros para descongestionar a Via de Cintura Interna (VCI), funcionando como "uma via de cintura interna não destinada aos automóveis, mas à ferrovia", já que, segundo da empresa, "isso levaria a uma redução do volume do trânsito automóvel de 20%".
Em agosto, a CP apresentou um estudo manifestando-se pronta a reativar o serviço de passageiros na Linha de Leixões até Leça do Balio (Matosinhos), partindo de Campanhã, se forem construídas paragens (pela Infraestruturas de Portugal) no Hospital São João e Arroteia.
Por estação, a procura estimada é de 502 mil passageiros por ano para Campanhã, 24,5 mil para Contumil, 123 mil para São Gemil, 444 mil para o Hospital São João, 132 mil para São Mamede de Infesta, 115 mil para a Arroteia e 49 mil em Leça do Balio.
Numa segunda fase, o objetivo da CP é estender o serviço até Guifões e à estação terminal de Leixões, com interface com o metro em Custió-Araújo, mas na apresentação não houve referências à ligação às linhas de metro Vermelha e Violeta, com destino à Póvoa de Varzim e Aeroporto, respetivamente, nem à Azul, no Senhor de Matosinhos.
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