Filho de uma assistente social, Marcelo Rebelo de Sousa tinha seis anos quando foi ao Casal Ventoso, em Lisboa, um bairro degradado que o impressionou.
“No Casal Ventoso, em ambiente de pobreza brutal, a situação daquelas crianças era dramática. Recordo-me bem do que me impressionaram as crianças, as barracas, a falta de água e de esgotos”, escreve Marcelo Rebelo de Sousa, que, enquanto Presidente da República, apresenta oficialmente a Agenda Solidária, no próximo dia 23.
Outras 11 figuras públicas escrevem nesta agenda, com ilustrações de João Vaz de Carvalho, como o humorista Nuno Markl, que escolheu o tema do “bullying”, partilhando a memória do dia em que enfrentou um “bully” (agressor).
Desse episódio recorda o que mais importante ficou: “A semente de questões que ainda hoje coloco sobre injustiça, manipulação, crueldade – ampliadas, para os miúdos de hoje, pelas redes sociais ficou cá”.
A cientista Elvira Fortunato escreve sobre “o momento mágico” que uma descoberta representa na vida de um investigador e como o viveu aquando da descoberta do transístor de papel, enquanto a jornalista Clara de Sousa recorda o 25 de Abril e da festa que viveu no primeiro 1º de Maio em liberdade.
Margarida Pinto Correia também recorda os primeiros anos de vida e a importância do que viveu então: “A consciência do que tenho e tive, do que sou, nem me deixa vacilar na responsabilidade pelo que existe à minha volta, convicta de que o posso sempre transformar. Para melhor”.
O músico Boss AC partilha nesta agenda uma hospitalização enquanto criança e de como a oferta de um carrinho de brincar lhe trouxe a esperança e a capacidade de sonhar, até hoje.
A empresária Sandra Correia partilha com os leitores desta agenda uma noite que mudou o seu mundo, enquanto o escritor Afonso Cruz revela que foi no sótão dos seus avós que começou a viajar, “não só pelos livros que lá havia, mas também pelos objetos”. A atriz Vitória Guerra recorda o seu primeiro dia de aulas em Lisboa.
Manuel Sobrinho Simões traz às páginas desta agenda a morte de uma empregada e governanta “com um estatuto muito especial devido às muitas décadas de casa”. E que morreu em casa, “com os seus”.
“Deixámos de morrer em casa, no nosso espaço e com os nossos”, escreve o investigador.
A eurodeputada Marisa Matias dá conta do dia em que conheceu o seu irmão, tinha na altura três anos, e a apresentadora Catarina Furtado conta um episódio triste de uma criança que nasceu órfã porque a mãe morreu de causas evitáveis, pelas quais a Embaixadora da Boa Vontade da ONU se tem batido.
A agenda começa a ser vendida no dia 09 de novembro e custa 13,90 euros. A verba obtida com as vendas reverte para o Serviço de Pediatria do IPO de Lisboa.
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