Mauro Morandi, agora com 82 anos, foi parar à ilha de Budelli, na Sardenha, em 1989, depois de o seu catamarã ter tido problemas a caminho do Pacífico sul. No local, o homem descobriu que o zelador da ilha — conhecida pela praia de areia rosa — estava prestes a reformar-se, então abandonou a viagem que tinha planeada, vendeu o barco e assumiu o cargo.
Morandi viveu numa casa que é um antigo abrigo da II Guerra Mundial, com vista para uma baía, mas tinha recebido ameaças de despejo das autoridades do parque nacional de La Maddalena, que administram Budelli desde 2016 e queriam recuperar a casa e transformar a ilha no que foi descrito como um polo de educação ambiental. Por isso, o italiano saiu do local no final de abril.
"Desisti da luta", disse Mauro Morandi. "Depois de 32 anos aqui, fico muito triste por ir embora. Eles disseram-me que precisam da minha casa e desta vez parece ser real", referiu na altura.
Depois de sair de Budelli, o italiano, natural de Modena, começou a viver num pequeno apartamento nas proximidades de La Maddalena, a maior ilha do arquipélago. Agora, conta o The Guardian, está a adaptar-se à sua nova vida — mais movimentada e barulhenta.
"Fiquei muito habituado ao silêncio. Agora é barulho contínuo ... música, motas, pessoas... distrai tanto que nem há tempo para pensar", confidenciou.
Além disso, pensou que depois de sair da ilha iria acabar por ser esquecido e que acabava o fascínio do público pela sua vida. "Achei que depois de deixar Budelli, mais ninguém iria falar de mim", disse. "Em vez disso, vocês, jornalistas, continuam a importunar".
"É como se as pessoas me escolhessem para fazer algo que nunca teriam coragem de fazer", disse, explicando o porquê de haver tanto interesse pela sua história.
Por sua vez, em Budelli também mudou muita coisa e Morandi fala num "desastre". "As praias foram pisadas. Eu sabia que isso poderia acontecer. Não há mais ninguém para educar os turistas", atirou.
Desde os anos 1990, os turistas foram proibidos de caminhar na praia rosa de Budelli, uma vez que a areia era frequentemente roubada. Também não podem nadar no mar, mas é permitido visitar a ilha durante o dia e andar por um caminho perto da praia.
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