Os dados recolhidos entre abril de 2017 e janeiro de 2020 contaram com 3.256 participantes e deram a conhecer não só a percentagem de situações de violência como questões relacionadas com crenças sobre as relações sociais de género.

As respostas aos inquiridos deram, por exemplo, a indicação de que 3,6% das mulheres e 15,4% dos homens concordam que o ciúme é uma prova de amor enquanto 2,3% das mulheres e 3,1% dos homens discordam que homens e mulheres devem ter direitos e deveres iguais.

Do total de participantes do estudo que visa caracterizar este flagelo social a partir da ótica dos estudantes universitários, 53,9% relataram que já tinham sido sujeitos a pelo menos um ato de violência no namoro e 35% já o praticaram.

Embora a violência no namoro seja sofrida e praticada por ambos os sexos, são os homens quem mais pratica a violência.

Relativamente ao tipo de violência é destacada a psicológica como a mais prevalente nas relações de namoro, seguida da violência social, da violência física e, por fim, da violência sexual.

Do total de inquiridos, 23,4% das mulheres e 19,6% dos homens já foram criticados, insultados, difamados e acusados sem razão e 20,7% das mulheres e 11,1% dos homens já foram controlados na forma de vestir, no penteado ou na imagem, nos locais frequentados, nas amizades ou companhias.

O estudo revela ainda que 16,4% das mulheres e 9,4% dos homens já foram ameaçados verbalmente ou através de comportamentos que causem medo, como por exemplo gritos, partir objetos ou rasgar a roupa.

Ainda segundo os dados recolhidos, 14,1% das mulheres e 9,7% dos homens já foram impedidos de contactar com a família, amigos e ou vizinhos e 13,9% das mulheres e 10,3% dos homens já foram impedidos de trabalhar, estudar ou de sair sozinhos.

Outro aspeto revelado pelo estudo é de que 10% das mulheres e 7,9% dos homens já foram magoados fisicamente, empurrados, pontapeados ou esbofeteados e 9,5% das mulheres e 5,2% dos homens já foram obrigados a ter comportamentos sexuais não desejados.

Do total de inquiridos, 6,9% das mulheres e 5,5% dos homens já sofreram ameaças de morte, atentados contra a vida ou ferimentos que obrigaram a receber tratamento médico.

Quem praticou e quem sofreu violência no namoro apresenta crenças sobre as relações sociais de género mais conservadoras do que quem não praticou nem sofreu violência.

Os homens são aqueles que apresentam crenças mais conservadoras sobre as relações sociais de género.

O trabalho revela que 12,2% das mulheres e 27,4% dos homens concordam que algumas situações de violência doméstica são provocadas pelas mulheres e 5,9% das mulheres e 11,8% dos homens concordam que as mulheres que se mantêm em relações amorosas violentas são masoquistas.

O Estudo Nacional da Violência no Namoro em Contexto Universitário: Crenças e Práticas é uma iniciativa da Associação Plano i no âmbito do Programa UNi+, financiada pela Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade (1ª e 2ª edições) e pelo Fundo Social Europeu no âmbito do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE) do Portugal 2020 (3ª edição).

Observatório da Violência no Namoro recebeu 74 denuncias em 2019

O Observatório da Violência no Namoro (ObVN) recebeu em 2019 um total de 74 denuncias de situações de violência no namoro vividas diretamente ou testemunhadas por terceiros, o que corresponde a uma média mensal de cerca de 6,2 casos.

Apesar de o número de denúncias ter decrescido relativamente a 2018, o observatório considera que os casos reportados apresentaram maior gravidade. Em 2018 foram recebidas 128 denúncias de vítimas e de testemunhas de violência.

De acordo com a esta plataforma de denuncia informal, 38 denuncias foram efetuadas por ex-vítimas, 28 por testemunhas e oito por atuais vítimas.

Em 77% dos casos os agressores são namorados atuais das vítimas, em 12,2% dos casos as vítimas foram alvo de ameaças de morte, 13,5% das vítimas necessitaram de receber tratamento médico e 1,4% foram hospitalizadas em consequência da vitimação sofrida.

O ciúme (70,3%) foi a principal causa da violência seguida de problemas mentais do agressor (40,5%).

Mas, os dados revelam que os casos de violência surgiram também na sequência de problemas familiares do agressor (25,7%), da conduta da vítima (23%), da influência dos amigos (18,9%), do consumo de álcool ou de outras substâncias por parte do agressor (14,9%) e de dificuldades económicas de quem agrediu (13,5%).

O observatório revela ainda que 71 denúncias foram efetuadas por mulheres e três por homens.

Os crimes ocorreram em 51,4% dos casos no Porto e em 10% das situações nos distritos de Lisboa e Aveiro.

Segundo o estudo, 95,9% das vítimas são do sexo feminino e 91,9% dos agressores são do sexo masculino.

A média de idades das vítimas é de 21 anos e a dos agressores é de 23 anos.

Ainda segundo o observatório, 94,6% das vítimas são de nacionalidade portuguesa, 87,8% são heterossexuais e 66,2% são estudantes.

O local de maior incidência da violência é a casa (62,2%), seguido da rua (48,6%), da escola/faculdade (36,5%) e em 29,7% dos casos a violência foi praticada online.

As tipologias de violência mais prevalentes são a violência verbal (87,8%), seguida da violência psicológica (75,7%), do controlo (64,9%), da perseguição (35,1%), da violência social (32,4%) e, por fim, da violência física e sexual (27%).

Em 73% das situações denunciadas não foi apresentada queixa às autoridades competentes.

O ObVN é uma iniciativa da Associação Plano i no âmbito do Programa UNi+, financiado pela Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade (1.ª e 2.ª edições) e pelo Fundo Social Europeu no âmbito do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego POISE do Portugal 2020 (3.ª edição).

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