Os agricultores da zona do Baixo Mondego que “invadiram” hoje à tarde a Avenida Fernão Magalhães, na Baixa de Coimbra, vão reunir com a Direção Regional de Agricultura e Pescas e pernoitar na cidade.

Mais de 200 tratores e máquinas agrícolas começaram a entrar na cidade de Coimbra às 14:00 e pouco depois das 15:00 já bloqueavam por completo uma parte daquela artéria, no sentido do centro da cidade. Às 16:00, a circulação automóvel já era permitida numa via em cada sentido da avenida.

Os manifestantes salientaram à agência Lusa que vão pernoitar no local e que os tratores e máquinas agrícolas já não vão sair do sítio que ocupam.

Apesar de não existir hora marcada, o agricultor João Grilo, de Coimbra, disse que uma delegação vai reunir com a Direção Regional de Agricultura do Centro.

Os agricultores iniciaram o protesto cerca das 10:30, em Montemor-o-Velho, com uma marcha lenta a partir da Estrada Nacional (EN) 111 em direção à avenida Fernão Magalhães, na Baixa de Coimbra.

Sob muitas buzinadelas, as viaturas chegaram à baixa de Coimbra, onde a PSP já tinha reservado uma área para estacionamento, que não foi suficiente face à quantidade de tratores e máquinas agrícolas.

“A razão da inflação não está na produção”, é uma das principais frases dos agricultores, que se queixam de várias situações.

A manifestação, aparentemente espontânea e não integrada na programação do protesto do Movimento Civil Agricultores de Portugal, que hoje decorre em vários pontos do país, partiu de um grupo de produtores agrícolas do Baixo Mondego, que se concentraram em Montemor-o-Velho, a cerca de 25 quilómetros de Coimbra.

Por sua vez, os agricultores que estão a condicionar o acesso a Espanha pela fronteira da Bemposta, em Mogadouro, no distrito de Bragança, prometem mater o protesto “os dias que forem precisos” até serem recebidos pela ministra da Agricultura.

Em declarações à Lusa, no local, o representante do movimento, que se apresenta como espontâneo e apartidário, salientou que os agricultores “estão unidos” e prometem não desistir.

“Estamos todos em sintonia, ao nível do país. Se a ministra e o Governo não receberem algumas das pessoas que estão connosco e acertarem medidas concretas, não levantamos o bloqueio”, garantiu Dário Mendes, que encabeça os protestos.

Desde o início da tarde que cerca de 60 tratores e outras máquinas agrícolas estão a condicionar o acesso à fronteira da Bemposta, sendo no entanto possível atravessar para Espanha.

O grupo, que partiu do nó de acesso ao Itinerário Complementar (IC) 5 em Mogadouro pelas 12:30 e demorou cerca de 45 minutos a chegar à fronteira da Bemposta, reúne agricultores do Planalto Mirandês (Mogadouro, Miranda do Douro e Vimioso) e ainda do Douro Superior, nomeadamente Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta.

Os agricultores exigem “o pagamento dos apoios do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) atempadamente, a abertura dos projetos de jovens agricultores, que estão parados desde março de 2022, o pagamento da apregoada ‘bazuca para agricultura’, no valor de dois milhões de euros anunciada há dois anos e que dinheiro nem vê-lo, e o gasóleo agrícola a 50 cêntimos”, explicou o agricultor Gilberto Pintado.