“A decisão que está em cima da mesa, neste momento, é continuarmos aqui e ainda mais convictos e mais firmes do que ontem”, ou seja, na quinta-feira, disse à agência Lusa António João Veríssimo, do Movimento Civil Agricultores de Portugal.

O agricultor afiançou já ter tido hoje “vários contactos” e saber que “mais gente” vai a caminho de Vila Verde de Ficalho, onde está cortada, desde as 3:00 de quinta-feira, a Estrada Nacional 260 (EN260), a poucos quilómetros da fronteira com a localidade espanhola de Rosal de La Frontera (Andaluzia).

“Não estamos de forma alguma cansados. Estamos é motivados para estar aqui e para que saiam daqui resultados e as pessoas começam a acreditar que tem que ser por aqui, esta [o protesto] é a única arma que temos” para ser ouvidos, argumentou.

Insistindo que os agricultores não desmobilizam junto daquela fronteira, em que tratores e máquinas agrícolas estão atravessados na EN260 a cortar o trânsito, António João Veríssimo reclamou que é preciso que “alguém próximo do primeiro-ministro” se desloque ali ou, pelo menos, à distância, dialogue com eles.

“Nós não saímos daqui enquanto não tivermos respostas concretas e tem que ser [de] alguém próximo do senhor primeiro-ministro”, que “ainda é a pessoa que pode pôr aqui ‘água na fervura’ nesta situação que estamos a viver”, disse.

Quanto à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, os manifestantes não querem falar com a governante: “A nossa ministra não tem credibilidade para negociar connosco. Nós não acreditamos no que ela diz. Já fomos enganados demasiadas vezes”.

Perante a paralisação dos agricultores pelo país, o Governo adiantou à Lusa, na quinta-feira, que a maior parte das medidas do pacote de apoio anunciado para o setor, no dia anterior, com mais de 400 milhões de euros de dotação, entra em vigor ainda este mês, com exceção das dependentes de 'luz verde' de Bruxelas.

Na quarta-feira, o Governo avançou com um pacote de ajuda aos agricultores, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que não travou os protestos, que acabaram por ser desmobilizados em diversos locais, na quinta-feira à noite, mas prosseguiram noutras zonas, como Ficalho.

Segundo António João Veríssimo, os agricultores concentrados nesta fronteira alentejana reclamam, “no imediato”, mais apoios para a seca, pois “os espanhóis receberam três vezes mais” do que os portugueses, e “a reposição do pagamento dos 35% da agricultura biológica e dos 25% da produção integrada”.

Outras reivindicações, que o porta-voz do movimento de agricultores reconhece que terão de ser resolvidas com mais tempo, incluem a revisão do PEPAC ou a reversão da integração das direções regionais de Agricultura nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.