“Estamos a preparar-nos para o verdadeiro trabalho que começa amanhã [quinta-feira]”, sublinhou o responsável da agência nuclear da ONU.
Uma coluna com cerca de 20 carros, metade destes marcados com as siglas da ONU, e uma ambulância, chegou à localidade de Zaporijia, localizada a cerca de 50 quilómetros em linha reta da central nuclear, ao início da tarde de hoje.
A missão de 14 pessoas, recebida pelo Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no dia anterior em Kiev, deixou a capital esta manhã.
Segundo Rafael Grossi, a AIEA irá tentar “estabelecer uma presença permanente da agência” a partir desta quinta-feira.
A Rússia admitiu hoje permitir que a AIEA estabeleça uma representação permanente na central nuclear de Zaporijia, acedendo às exigências de Kiev.
“Vamos ver os resultados iniciais da sua presença lá, primeiro. (…) Mas não descartamos essa possibilidade. O assunto está a ser analisado”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Andrei Rudenko, citado pela agência Interfax.
Na rede social Telegram, o embaixador russo junto das organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov, também disse que “a Rússia saúda essa intenção” da AIEA.
O diretor-geral desta agência nuclear da ONU, Rafael Grossi, confirmou hoje, antes de partir de Kiev em direção a Zaporijia, que a missão tenciona passar vários dias na central e que a organização também pretende criar uma representação permanente nas instalações.
Rudenko sublinhou que a Rússia espera que a chegada da missão da AIEA a Zaporijia “ajude a avaliar de forma realista” a situação da central, a maior da Europa e que está a ser submetida a bombardeamentos constantes de que Moscovo e Kiev se acusam mutuamente.
O vice-chefe da diplomacia russa também pediu uma inspeção, realizada por especialistas internacionais, para dissipar “informações falsas espalhadas pela Ucrânia e pelo Ocidente de que é a Rússia que está a bombardear a central”.
A central caiu nas mãos das tropas russas em março, logo após Moscovo ter iniciado a invasão da Ucrânia, tendo sido alvo de vários bombardeamentos pelos quais Moscovo e Kiev negam responsabilidade.
Na semana passada, a central já foi brevemente desconectada da rede elétrica, pela primeira vez na sua história, depois de as linhas de energia terem sido danificadas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.
A ONU apresentou como confirmadas mais de 5.600 vítimas civis mortas, sublinhando que este número está muito aquém dos valores reais.
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