Segundo a declaração de hoje, “a ONU procura as razões das detenções desde 03 de novembro na cidade de Semera, a porta de entrada para comboios de ajuda [humanitária] que lutam para chegar à região de Tigray.

A ONU descreveu o gesto como um “bloqueio humanitário”.

O porta-voz do Governo, Legesse Tulu, não respondeu a perguntas sobre este tema.

A declaração surgiu um dia depois de a ONU ter dito que pelo menos 16 funcionários da região de Tigray tinham sido detidos nos últimos dias na capital da Etiópia, Adis Abeba.

Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), várias testemunhas dizem que milhares de pessoas “têm sido varridas” desde que o estado de emergência foi declarado.

Estes relatos surgem na sequência de testemunhos que indicam que as forças de Tigray se têm aproximado da capital em luta contra as forças etíopes.

O porta-voz do Governo disse à AP que os 16 funcionários das Nações Unidas foram detidos por causa da “participação no terror” não relacionada com o seu trabalho.

O Governo diz estar a deter pessoas suspeitas de apoiarem as forças de Tigray.

A declaração da ONU diz que os motoristas detidos são de “etnias diferentes”.

As detenções são mais um desafio aos esforços para prestar ajuda humanitária a milhões de pessoas na região de Tigray, que não têm recebido o tão necessário fornecimento de ajuda, incluindo alimentos, medicamentos e combustível, desde que os militares etíopes começaram a atingir a capital de Tigray com ataques aéreos em 18 de outubro.

“Estima-se que 80% dos medicamentos essenciais já não estejam disponíveis” na região, disse a agência humanitária das Nações Unidas na semana passada.

O Governo da Etiópia desconfia que a ajuda destinada aos civis possa ser desviada para apoiar as forças de Tigray, e acusou grupos humanitários de armarem os combatentes e de aumentarem a escala da crise, sem darem provas deste facto.

A guerra na Etiópia já matou milhares de pessoas e deslocou milhões.

Os esforços diplomáticos urgentes para um cessar-fogo imediato e as conversações relataram uma pequena janela de oportunidade, mas o porta-voz das forças Tigray, Getachew Reda, num tweet publicado hoje, afirmou que “a maioria das ‘iniciativas de paz’ têm sobretudo a ver com salvar (o primeiro-ministro da Etiópia)”.

“Os esforços que não conseguem resolver as nossas condições e a tendência para confundir questões humanitárias com questões políticas estão condenados ao fracasso”, disse.

A guerra começou em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, enviou o exército para Tigray com o objetivo de retirar do poder as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF), que acusou de ter atacado bases militares.

O primeiro-ministro e Prémio Nobel da Paz de 2019 declarou a vitória três semanas mais tarde. Mas os combatentes da TPLF reconquistaram a maior parte da região de Tigray em junho, e depois avançaram para as regiões vizinhas de Afar e Amhara.