A violência contra políticos tornou-se um tema recorrente no período que antecedeu as eleições europeias. A primeira agressão registou-se a 3 de maio, na Alemanha, quando o candidato às eleições europeias pelo Partido Social Democrata alemão (SPD), Matthias Ecke, foi atacado e ficou ferido com gravidade, enquanto pendurava cartazes da campanha, na cidade de Dresden.

As autoridades revelaram que quatro desconhecidos espancaram o político de 41 anos, que estaria sozinho no momento da agressão, mas, no dia seguinte, um jovem de 17 anos entregou-se à polícia e assumiu ser o autor do ataque contra o político social-democrata que teve de ser operado.

Face ao facto de ser menor e não ter antecedentes, o jovem não ficou preso, mas a polícia alemã confirmou que, minutos antes do ataque a Ecke, um grupo de quatro pessoas, provavelmente as mesmas que se suspeitava terem atacado o político social-democrata, já tinha atacado outro voluntário dos Verdes, de 28 anos, também enquanto afixava cartazes.

Mais de duas mil pessoas manifestaram-se, no fim de semana que se seguiu à agressão, em Dresden,  contra os recentes ataques a políticos e voluntários na campanha eleitoral numa aliança de organizações civis denominada “Wir sind die Brandmauer Dresden” (“Nós somos o muro protetor de Dresden”, em tradução livre).
Dias depois, a 7 de maio, também na Alemanha, em Berlim, Frankziska Giffey, a principal autoridade económica da cidade, ex-presidente da câmara e ex-ministra federal, foi atacada num evento que decorreu numa biblioteca por um homem se aproximou dela por trás e lhe bateu com uma mala que continha um dispositivo rígido, segundo descreveu a polícia.

“Os ataques contra […] políticos são revoltantes e cobardes. A violência não tem lugar no debate democrático”, afirmou então o chanceler alemão, Olaf Scholz na rede social X.

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Eslováquia, o ataque mais mediático

A 15 de maio, o palco das agressões foi a Eslováquia, onde a campanha eleitoral foi ensombrada por uma tentativa de assassínio do primeiro-ministro, o populista Robert Fico. O ataque  provocou ondas de choque no país de 5,4 milhões de habitantes e repercutiu-se por toda a Europa.

Robert Fico foi ferido num tiroteio em Handlova, a cerca de 150 quilómetros da capital do país, onde se realizava uma reunião do governo. O estado de saúde do primeiro-ministro eslovaco dado como "extremamente grave", tendo sido submetido a duas cirurgias das quais ainda se encontra a recuperar, mas que o colocaram fora de perigo.

O autor dos disparos contra o primeiro-ministro foi Juraj Cintula, de 71 anos, poeta e fundador de um clube literário de esquerda e natural da cidade de Levice, no sudeste do país.

O ministro do Interior, Matus Sutaj Estok, revelou que o autor, que foi detido após o ataque, admitiu que o crime teve motivações políticas. O governante frisou que o homem não pertence "a nenhum partido extremista, nem de esquerda nem de direita" e que era um 'lobo solitário' (um atacante que atua sozinho).

Mette Frederiksen, a mais recente vítima

Esta sexta-feira, 7 de junho, a agressão a políticos teve como palco a Dinamarca. A primeira-ministra e líder do Partido Social Democrata, Mette Frederiksen, de 46 anos, é a líder do Partido Social Democrata foi agredida por um homem de 39 anos já preso e que é levado a tribunal, este sábado.

Segundo o gabinete da primeira-ministra, Mette Frederiksen sofreu uma “ligeira tensão no pescoço” e cancelou os seus compromissos de hoje.

“Depois de ter sido agredida ontem [sexta-feira], a primeira-ministra Mette Frederiksen foi levada para o Rigshospitalet (Hospital Nacional da Dinamarca) para ser submetida a um exame médico. A agressão provocou uma ligeira entorse cervical”, indica o gabinete, acrescentando que a primeira-ministra estava “abalada pelo incidente” e que, por conseguinte, cancelou o seu programa para o dia.

Duas testemunhas oculares, Anna Ravn e Marie Adrian, disseram ao diário BT que viram um homem a caminhar em direção a Frederiksen e depois “empurrá-la com força no ombro para que fosse afastada para o lado”, mas salientaram que a primeira-ministra não caiu.

Outra testemunha, Kasper Jørgensen, disse ao tabloide Ekstra Bladet que um homem bem vestido, que parecia fazer parte da unidade de proteção de Frederiksen, e um agente da polícia derrubaram o alegado agressor.

Søren Kjærgaard, que trabalhava num bar na Praça Kultorvet, onde ocorreu o incidente, disse ao BT que viu Frederiksen após o incidente e que ela não tinha ferimentos visíveis no rosto, mas que se afastou rapidamente.

As eleições parlamentares da União Europeia estão atualmente a decorrer na Dinamarca e no resto do bloco de 27 países e terminam no domingo.

*Com Lusa