A manifestação saiu da rotunda de Vila Nova de Cacela, no concelho de Vila Real de Santo António, pouco depois das 10:00, e os participantes percorreram cerca de cinco quilómetros e passaram também por zonas do concelho de Castro Marim, que é, com o vizinho município vila-realense, um dos mais afetados pela degradação da EN125 na zona sotavento (este).
Os presidentes das Câmaras de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, e de Castro Marim, Francisco Amaral, estiveram a acompanhar o protesto, que foi feito a pé e de bicicleta, com os participantes a vestirem de negro em sinal de “luto” pelo estado de degradação da via.
Um dos participantes, Pereira de Campos, residente em Vila Real de Santo António e proprietário de comércios em várias localidades algarvias, disse à agência Lusa sentir-se “envergonhado” pelo estado da EN125 no sotavento.
“Venho mostrar a minha indignação por esta situação, tenho 85 anos e nunca vi a estrada 125 desta forma, era mais estreita na faixa de rodagem, mas estava cuidada, as bermas estavam cuidadas e isso é que é realmente uma vergonha. Sinto-me envergonhado de pertencer a um país onde isto acontece”, afirmou.
Pereira de Campos considerou que o sotavento é “tremendamente periférico, mesmo com todas estas autoestradas e com estas distâncias relativas que diminuíram de Lisboa ao Algarve”, e que as obras que a empresa Infraestruturas de Portugal realizou na última semana nessa zona, melhorando o tapete de alcatrão na faixa de rodagem, se trataram de “remendos”.
“Faz-me lembrar o sapateiro remendador, quando antigamente se dizia que não havia dinheiro para meter umas meias-solas, punham-se umas tombas. Isto são verdadeiras tombas e é uma vergonha, porque já passei pela estrada e vi que continua irregular, não tem durabilidade nenhuma e é uma falta de respeito por uma região que dá tanto ao país”, disse.
O presidente da Câmara de Castro Marim disse, por seu turno, que o Movimento de Utentes da EN125 “emana da sociedade civil, é independente de qualquer partido”.
“E isto revela bem o sentir desta população, que ao longo dos anos tem vindo a suportar o agravamento da EN125, que se aproxima muito de estradas do terceiro mundo, numa Europa que se quer civilizada e evoluída e que, no caso particular do Algarve, quer fazer turismo de qualidade. Mas com uma estrada destas é impossível”, afirmou Francisco Amaral.
Os trabalhos realizados entretanto na estrada são, para o dirigente do Movimento de Utentes Hugo Pena, obras “de fachada” feitas “para calar a boca” do Movimento a poucos dias do protesto, faltando ainda outras intervenções, como bermas e ciclovias.
Sobre a participação na manifestação, Hugo Penas disse que mais importante do que estarem presentes “70, 80, 90 ou 100 pessoas”, o protesto é válido para “assinalar a posição” e “manter-se firme nas convicções”.
“O sotavento é uma região onde se faz a entrada via terrestre do turismo [desde Espanha], onde há excelentes praias, unidades hoteleiras, restauração, uma agricultura emergente, e depois somos esquecidos e damos estas acessibilidades às pessoas, às residentes e às que nos visitam”, disse, frisando o “caráter apartidário” do Movimento.
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