“Por solicitação do serviço de anestesiologia se informa que o CHUA [Centro Hospitalar Universitário do Algarve] dispõe de alojamentos em Lagos e Faro. Nenhum dos locais, neste momento, dispõe de apartamentos. Só dispõe de quartos. O uso do quarto dá direito a uso de sala e cozinha (…) O preço é de 20 euros diários”, refere uma mensagem enviada a um anestesista, que se queixou da situação à Ordem dos Médicos, segundo uma mensagem escrita a que a agência Lusa teve acesso.
O Ministério da Saúde anunciou em junho que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve iria proporcionar “alojamento gratuito temporário para os médicos”, anúncio feito no momento em que abriram candidaturas para clínicos que quisessem trabalhar na região durante o verão.
Aliás, no próprio despacho assinado pela ministra da Saúde é estabelecido que a “ARS Algarve diligencia no sentido de proporcionar alojamento gratuito temporário para os médicos, de acordo com as disponibilidades locais”.
Contactado pela agência Lusa, o bastonário dos Médicos confirmou ter recebido a queixa de um anestesista e entende que se trata de “uma situação inaceitável”, que demonstra um “anúncio falacioso” por parte do Ministério da Saúde.
“Trata-se, infelizmente, de um bom exemplo do que é a política de incentivos que está a ser criada”, afirmou Miguel Guimarães.
O bastonário referiu ainda que a anestesia é, ainda por cima, uma “especialidade crítica” para os hospitais do Algarve e que é essencial para o funcionamento dos blocos operatórios.
Em junho, o Ministério anunciou que seriam abertas candidaturas para médicos “com disponibilidade para desempenhar funções na Região do Algarve durante o período de verão de 2019, num modelo excecional de mobilidade temporária de pessoal médico que visa reforçar os cuidados de saúde” na região.
“Com esta medida, o Ministério da Saúde pretende reforçar, durante o período estival de 2019, a assistência médica da região do Algarve, sem comprometer o regular e normal funcionamento dos demais serviços e estabelecimentos de saúde”, referia o Ministério.
A Lusa pediu esclarecimentos ao CHUA e aguarda por uma resposta.
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