Estas posições foram transmitidas pelo almirante Gouveia e Melo e por Helena Carreiras na cerimónia de assinatura do contrato para a construção de um navio multifunções da Marinha, o "D. João II", que terá um custo de 132 milhões de euros com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e também investimento estatal.

A construção deste navio ficará a cargo dos estaleiros holandeses Damen e o contrato foi assinado no Museu de Marinha, numa cerimónia que foi presidida pelo primeiro-ministro, António Costa.

“Estamos a construir uma nova Marinha. Uma Marinha que assegura a defesa do país, o exercício da soberania e da jurisdição nacional, a preservação dos nossos recursos e a proteção do ambiental”, sustentou o chefe do Estado-Maior da Armada na sua intervenção.

No seu discurso, o almirante Gouveia e Melo disse que, até ao final do primeiro semestre do próximo ano, a Marinha vai inaugurar o novo centro de operações marítimas, “que será o centro nevrálgico de toda a informação captada no mar, com capacidade para processar dados de forma massiva e neles descobrir padrões hoje impossíveis de realizar”.

“Também modernizaremos os laboratórios da Escola Naval, que vão permitir uma formação de excelência dos nossos oficiais, preparando-os para a era digital e um novo paradigma de atuação”, assinalou.

Também o Instituto Hidrográfico terá mudanças até ao final de 2025, segundo Gouveia e Melo, já que, designadamente está em curso um projeto para o desenvolvimento de sensores de monitorização marítima de baixo custo.

“Com o apoio do PRR, estamos a formar uma rede de centros de investigação, desenvolvimento, experimentação e inovação com vista ao reforço dos meios de observação do oceano, a que na gíria apelidamos de NASA dos Oceanos. Queremos proteger o mar, ocupar e desenvolver de forma sustentável”, acrescentou.

Já Helena Carreiras, tendo ouvi-la a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva coordenadora da execução do PRR no Governo, falou sobre os projetos em curso no Ministério da Defesa.

“É com orgulho que vejo a Defesa Nacional a cumprir em tempo todos os objetivos que traçou para o PRR”, afirmou, num discurso em que procurou também acentuar a ideia relativa à importância estratégica do mar para Portugal e em que elogiou a ação da Marinha.

“Investir no mar é investir nos portugueses. A Europa e o Atlântico são os dois espaços geoestratégicos de maior interesse nacional. O Atlântico é o maior centro de intercâmbio comercial e energético do mundo, fazendo de Portugal uma verdadeira ponte entre a Europa, a América e África", salientou a ministra da Defesa.

A Plataforma Naval Multifuncional, cujo conceito foi desenvolvido pelo almirante Henrique Gouveia e Melo, é um projeto financiado pelo PRR no valor de 94,5 milhões de euros e com verbas estatais correspondentes a 37,5 milhões, desenvolvendo-se o investimento por fases até 2026.

O Navio da República Portuguesa (NRP) D. João II terá tecnologia de ponta que vai permitir a monitorização dos oceanos e investigação oceanográfica bem como o acompanhamento da ecologia marinha. Estará também apto para operações de emergência, vigilância, investigação científica e tecnológica e monitorização ambiental e meteorológica, funcionando como um ‘porta drones’ aéreos, terrestres e submarinos.